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23 de junho de 2008

Leishmaniose em Bauru

Essa doença é grave, mas ainda mais perigosa é a omissão dos governos municipal e estadual na questão do combate ao mosquito, da limpeza dos terrenos, começando é claro por aqueles afetos a administração municipal e a ação educativa junto à população da nossa região.
Entretanto a julgar pela imundície que está à cidade, inclusiva nas regiões nobres sob o ponto de vista imobiliário, fica mais fácil acreditar que isso jamais irá acontecer.
Desde que o primeiro caso da doença ocorreu na cidade não percebemos nenhuma ação mobilizadora, nenhuma grande campanha educacional, usando principalmente as escolas como grandes fontes de inspiração e ajudando a transformar nossas crianças em agentes multiplicadores da prevenção e dos cuidados básicos a serem tomados contra a doença.
Os rios que cortam a cidade estão imundos nas suas margens, os terrenos dentro do perímetro urbano refletem o abandono da gestão Tuga. As praças e demais logradouros públicos são fontes de sujeira e não recebem nenhuma atenção do poder público. Assim é fácil ser Prefeito, elege-se, criticam-se os antecessores, reclama-se da falta de recursos e depois passam quatro anos cobrando impostos sem fazer nada.
A leishmaniose visceral é uma doença terrível, considerado por especialistas como o segundo maior assassino parasitário do mundo, ficando atrás apenas da malária. Chegando a matar sessenta mil pessoas ao ano no mundo e deixando milhões infectados.
Nem assim, com esse cartão de visitas as nossas autoridades se mexem da cadeira para agir, limpar, matar as larvas, orientar, multar, trazer para a sociedade o retorno para tantos impostos pagos.
Em Bauru, talvez seja mais fácil negociar com o mosquito a sua saída para outras regiões do que conseguir assistir uma ação concreta ao menos do nosso representante máximo na cidade. Esse estado de abandono destoa de certas manchetes e da esperança de novos investimentos na nossa região, pois quem em sã consciência ira trazer sua empresa e seus negócios para uma cidade que tem a iminência de uma grave situação de saúde pública em seu município?
De acordo com a OMS – Organização Mundial de Saúde a leishmaniose visceral é o problema emergente da co-infecção HIV-LV, onde sua taxa de mortalidade chega próxima a cem por cento. Desde 2003, a nossa cidade passou a registrar a doença de forma endêmica qual a ocorrência de óbitos, inclusive neste ano em curso.
A leishmaniose é considerada como uma doença extremamente negligenciada, assim como a doença do sono e o mal de chagas. Isso porque, em razão da extrema pobreza dos pacientes, não há interesse por parte da indústria farmacêutica, em desenvolver novos medicamentos para essas doenças. Esse panorama em Bauru contrária em parte essa tese na medida em que os pacientes da doença não é exclusividade das classes pobres.
Espero que nas próximas eleições tenhamos ao menos um candidato sério, que consiga fazer mais de uma coisa ao mesmo tempo, ou seja, pensar e agir na direção dos anseios da sociedade de Bauru com firmeza, honestidade e grandeza de espírito, coisa rara nos últimos vinte anos nesta cidade.
Perder vidas humanas em detrimento do ataque de um mosquito é muito triste e nos deixa em sinal de alerta máximo, pois temos crianças, idosos e milhares de pessoas vivendo inclusive com esgoto a céu aberto. O combate a esse transmissor da leishmaniose deve ser prioridade zero a partir de amanhã.

Esse artigo é dedicado ao meu amigo Kazuo Ioneda, vitima dessa doença aos 55 anos de idade.

2 comentários:

Ana Lellis disse...

Em 2005, meu filho Fernando, um rapaz educado, inteligente e ótimo filho e amigo, aos 26 anos, perdeu sua preciosa vida para essa doença horrorosa, após sofrer muito, por cerca de dois anos sem conseguir um diagnóstico definitivo. Só foi descoberta a menos de dois meses de sua morte e após muitos enganos cometidos, pelos que dele cuidaram. Um último tratamento foi iniciado, mas outros enganos fizeram ser em vão. Eu fui à tv, rádio, jornal, às ruas e a alguns bairros, com um folheto que eu mesma pesquisei e montei, recomendando os cuidados para evitar a doença, mas logo o assunto foi esfriando e quase não se falou mais. No ano seguinte, houve muito mais casos e mortes. É impressionante o que ouvi das pessoas desinformadas a contestar e a me acusar de não gostar de animais, entre outros absurdos. Muitas aceitavam as recomendações, mas ficava por isso mesmo.
Lamento que o assunto ainda seja um tabu e que não interesse a quem pode ajudar a resolver o problema. Vejo com tristeza que a nossa dor não importa e o quanto de gente que nada sabe, inclusive funcionários de saúde. Eu gostaria de trocar informações com outras vítimas ou parentes e amigos seus, para quem sabe lutarmos juntos contra tudo o que está errado em torno desse assunto. As famílias tem medo de falar dos seus casos, mas precisam criar coragem e unirem-se a nós que denunciamos e queremos respostas.
Já sugeri reportagem em programa de tv, inclusive aproveitando que incluíram um caso na novela, mas ainda não fui atendida.
Tenho muito a dizer, mas nesse espaço apenas quero dar uma idéia dos propósitos que considero necessários.
Agradeço pela oportunidade.

Unknown disse...

É o secretário de sáude que alimenta os mosquitos leia +
http://ferretandonanet.blogspot.com/