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24 de julho de 2010

Tudo errado, local, pessoas e os fatos

O assassinato do garoto Rafael Mascarenhas, filho da atriz Cissa Guimarães num túnel da cidade do Rio de Janeiro que estava interditado mostra as várias faces de um só problema que a sociedade tem enfrentado quase sempre, com maior ou menor intensidade.

O local havia sido interditado para manutenção, que obviamente não estava sendo realizada, visto que os rapazes puderam praticar skate livremente pela própria pista. Não havia máquinas, nem trabalhadores nem nada que lembrasse uma interdição para manutenção.

As pessoas que estavam praticando skate, Rafael e mais dois amigos, estavam fazendo isso no início da madrugada numa cidade muito violenta, com seguidos casos de assalto, violência contra transeuntes e com diversos tiroteios e suas mortais balas perdidas.

Os rapazes tinham o direito de praticar skate no local, mas foi uma atitude impensada, pois numa terra sem leis ou ao menos onde elas não são cumpridas à risca, sempre é bom se resguardar e buscar alternativas a luz do dia ou em locais apropriados para a prática do esporte.

O atropelamento e a morte do rapaz aconteceram também por uma série de fatores simultâneos. Se a pista estava fechada para manutenção de quem é a responsabilidade pela entrada de dois carros tirando um racha na mesma?

Os motoristas tinham multas por excesso de velocidade e mesmo assim transitavam livremente pelas ruas cariocas, ou seja, aquela estória de 20 pontos, cassação temporária da CNH, tudo é coisa para gente honesta e simples, alguns mortais não sabem o que é isso, certo?

Agora neste episódio triste o pior ainda estava por vir, e só foi levado ao conhecimento público provavelmente pela dimensão que o caso tomou sendo o rapaz filho de alguém com fama e empregado da Rede Globo.

Os policiais que estavam na extremidade do túnel abordaram os veículos que tiravam racha inclusive o assassino de Rafael. Ao invés de guincharem o veículo ao pátio do CIRETRAN e submeterem os motoristas ao rigor da lei, os bons policiais resolverem extorquir os motoristas. Eles viram como o carro do assassino estava destruído pela pancada, sabiam que algo havia acontecido e era grave.

Em seguida entra em cena o pai do motorista assassino, esse põe a prova toda sua competência como pai severo e preocupado com a ética e a honestidade, concordando em subornar os policiais e correndo para uma funilaria para maquiar o veículo afim de que seu pobre menino pudesse enganar a todos e sair ileso do episódio.

Um belo exemplo que tivemos da administração da cidade do RJ, da Polícia Militar, dos cidadãos que dirigiam em altíssima velocidade em local proibido e de um pai de família que prefere corroborar com tiras corruptos para salvar a pele do filho do que ficar ao lado dele e assumir sua parcela de culpa na morte de um inocente.

Fica a dor para a família, em particular para a mãe do Rafael, dor que nem as leis, nem a prisão, nem desculpas, nem nada neste mundo poderá aliviar seu coração que ainda sangra e muito.

Fica por fim o exemplo para que os responsáveis pela cidade e as autoridades policiais façam uma reflexão profunda sobre o que estão fazendo e como estão fazendo seus trabalhos no comando de uma cidade que em muito breve será sede da Copa do Mundo de Futebol e de uma Olimpíada.

Copa no Brasil 2014 - Duas visões

O governo brasileiro se comprometeu perante o mundo com a realização da próxima Copa do Mundo de futebol a ser realizada em Junho/2014. Essa decisão custará aos cofres do nosso país o equivalente a R$ 17 bilhões. Esse valor foi orçado preliminarmente pela Comissão responsável pela realização do evento.

Alguém dúvida que esse orçamento não será cumprido e que o custo real ao final da copa será de aproximadamente R$ 35 a R$ 50 bilhões? Alguém dúvida? Basta lembrarmos o Pan Americano RJ/2007 cujo orçamento inicial era de R$ 600 milhões e cujo gasto final atingiu perto de R$ 10 bilhões. Ou seja, 1.566% a mais do que o previsto.

Então teremos a partir de agora com o encerramento da Copa da África de enfrentar uma situação de dualidade muito grande. Sendo assim teremos duas possibilidades, duas visões que podem ser vistas para os próximos quatro anos até junho de 2014.

A primeira visão é a otimista:

O Brasil não cumpre o cronograma rígido da FIFA, que não é acostumada ao jeitinho brasileiro e perde a concessão para a realização do grandioso evento. Um país de primeiro mundo assume a responsabilidade.

As conseqüências são aparentemente ruins, somos ridicularizados perante o planeta bola, o nosso povão vai chiar, vai chorar, sem entender o que está se passando. A oposição que sempre é ridícula vai deitar falação, sem saber o que fala vai usar da incoerência para criticar o fato.

A imprensa esportiva vai malhar o governo federal e o clima vai pegar para os lados do Planalto Central. Por sorte, a memória é fraca e em pouco tempo outros escândalos darão cobertura e o esquecimento será total em alguns meses. O Brasil ganha a Copa em outro país e a lua de mel é restabelecida.

A segunda visão é pessimista:

O Brasil cumpre à risca o cronograma, as obras são entregues e o mundial será realizado. Não bastasse isso o país realiza em 2013 a Copa das Confederações e passa no teste imposto pela FIFA. A Copa será um sucesso para o Brasil e a FIFA.

Essa visão é pessimista, pois o custo dela será arcado pela sociedade, goste ela de futebol e vuvuzelas ou não, isso não importa. A nossa economia não vai suportar dois eventos praticamente seguidos (Copa de Futebol/2014 e Olimpíadas/2016), sem que esse esbanjamento não seja repassado ao bolso do povo.

Vejam os países europeus que estão em crise desde a queda da economia na Grécia no ano passado. Os gregos gastaram os tubos para realizarem a Olimpíada do ano 2000, agora pagam o preço da fanfarronice.

A Espanha, Itália, Portugal, Alemanha estão passando apuros em suas economias. Convivendo com greves setoriais e muito desemprego. Coincidência ou não esses países sediaram Copas do Mundo, Eurocopas e outras grandes festas do esporte, agora pagam o preço anos depois.

Fica o alerta para a população brasileira, quem viver verá.

7 de julho de 2010

A Faxina tem de começar pelo andar de cima da CBF

Sempre após um fracasso de nossa seleção de futebol em uma disputa de Copa do Mundo, cogita-se e muitas vezes trocam-se o treinador. Não foi diferente após a patética participação do Brasil com a seleção do Dunga na Copa da África.

Foi assim desde sempre, exceção feita em 1982 e 1986, quando mestre Tele Santana mesmo perdendo a Copa da Espanha foi chamado novamente para dirigir nosso selecionado na Copa do México. Bons, tempos, bons técnicos, bons jogadores e a manutenção do estilo de jogar esse esporte mantido fielmente por mestre Tele.

A queda de Dunga e o fracasso desta seleção era questão apenas de tempo, ou melhor, do nosso time enfrentar um bom selecionado pela frente. Bastou jogar contra a boa equipe da Holanda e pronto, nosso time demonstrou toda inaptidão de seu treinador, toda incoerência e a falta absoluta de tranqüilidade de um elenco milionário, estrelar que joga em grandes clubes da Europa.

Mas infelizmente, cai a comissão técnica e permanecerá o dono da CBF, o Senhor Ricardo Teixeira que está no poder a míseros 21 anos, devendo completar em 2014 na Copa a ser realizada no Brasil suas bodas de prata a frente da CBF.

Ou seja, nas mãos de um só homem está a administração do futebol brasileiro, milhões em jogo, dezenas de contratos milionários, a venda dos direitos televisivos dos jogos da seleção, a organização de quatro divisões do Campeonato Brasileiro de Clubes, da Copa do Brasil, das liberações e aceites de negociações multimilionárias de jogadores.

Esse homem que se reelege sem oposição a cada nova eleição, com uma facilidade ímpar, deixando sérias dúvidas sobre os verdadeiros motivos que levam esse senhor que nunca foi um desportista a ser guindado a esse magnífico cargo na CBF.

O governo federal através de seu Ministro dos Esportes vive viajando e se reunindo com Ricardo Teixeira. Ninguém sabe a quem caberia investigar os números, os contratos e enfim a administração dessa entidade. O certo é que essa confederação não sofre uma auditoria desde há muito tempo.

São milhões de reais transacionados anualmente, recentemente a entidade comprou um avião a jato no exterior por aproximadamente R$ 56 milhões. E ninguém fala nada, ninguém se insurge, ninguém desconfia e a aceitação é unanime.

Para mim isso é muito estranho, muito mais do que vê-lo nomear um inepto para ser técnico da seleção, muito mais do que assistir jogos da seleção de futebol do país apenas na Rede Globo ou na Band com liberação da primeira. Nem os canais da Rede Cultura podem transmitir o nosso selecionado.

Dunga caiu, mas se vivêssemos num país sério quem deveria ter caído há muito tempo seria o senhor dos anéis e não o carregador de bolas.