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27 de janeiro de 2012

O autodidata

Nos idos de 1981, a empresa em que trabalhava não tinha ainda adquirido um micro computador, usando para os grandes serviços o seu mainframe. O primeiro equipamento de micro informática foi cercado de muita expectativa e até de certo descrédito pela maioria dos empregados à época. E não era de se estranhar que pensassem assim, visto que eram máquinas ainda rudimentares perto do que temos em funcionamento nos dias atuais nesse novo século.

Na verdade aqueles equipamentos eram meros executores de tarefas matemáticas, planilhas e relatórios pouco sofisticados. Mas foi o início de um processo que parece não ter fim e que se moderniza com uma rapidez impressionante. A velocidade da máquina se confunde com a rapidez com que a mesma se desatualiza com a chegada de novos softwares, novos chips cada vez menores e com capacidade infinitas.

Mas o que me chamou a atenção nesse caso foi um colega que trabalhava na área de suprimentos da unidade de Chavantes e que ao ser transferido para a Regional Bauru, muito maior e mais importante no contexto da empresa, começou a enxergar aquilo que a grande maioria não conseguia. O futuro estava dentro e fora da circunferência daquelas máquinas esquisitas e até então barulhentas.

Os demais procuravam se distanciar daqueles equipamentos, quer seja por não compreende-los ou simplesmente por achar que a qualquer momento pudessem sobrar novas demandas de trabalho derivadas daquelas “geringonças”.

Mas o meu amigo Luis Carlos ao contrário se dedicou de corpo e alma por tempo integral a entender e a estudar tudo que fosse referente à micro informática. Comprou livros, revistas importadas, folhetos e tudo que contivesse ensinamentos úteis para aplicar naqueles equipamentos ou então, através dele no seu departamento.

Eis que de forma totalmente autodidata, Luis conseguiu sem um curso sequer, sem Faculdade, sem investimento algum da empresa que acredito, também não tenha tido na época uma visão gerencial abrangente do que aquelas máquinas seriam capazes e quais as transformações que elas proporcionariam a administração moderna no mundo inteiro.

Indiferente a tudo isso, Luis seguiu seu caminho e de forma profícua conseguiu surpreender seus colegas, familiares e superiores hierárquicos, com seus conhecimentos e perfeito domínio da máquina. Sem contar o mais importante que era dominar sua linguagem cibernética.

Hoje ele está aposentado, trabalhando obviamente como consultor em Informática e elaborando programas para empresas, clínicas e comércio em geral.

Ficam para mim várias lições, das quais ressalto as que julgo mais importantes:

Em primeiro lugar a tenacidade, determinação e capacidade do ser humano frente a qualquer adversidade. Nada o impede de aprender e de superar obstáculos que lhes foram sendo colocados à sua frente.

Em segundo lugar, a constatação de que o novo assusta, incomoda e faz com que uma boa parte das pessoas lhes virem às costas, cometendo o maior de todos os erros, pois logo à frente terão que se submeter ao aprendizado quando alguns já são mestres na matéria.

E por último a lição de que o treinamento que não foi feito para o empregado na época por mim citada, é, e sempre será o maior investimento que uma empresa deverá fazer para seus profissionais. Fechar os olhos ou se enfiar no escuro das obviedades da administração passada não vão ajudar em nada qualquer empresa que queira entender o futuro a partir de seu presente.

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