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26 de outubro de 2013

O Humor no Trabalho - Eu vi uma nuvem branca

O livro O Humor no Trabalho contém histórias engraçadas que ajudaram a manter um ambiente saudável, produtivo e com pessoas felizes e motivadas! Algumas destas passagens estão retratadas no livro que lancei em Fevereiro/13 em Bauru e São Paulo e que está à venda nas livrarias de Bauru e nos Sites das Livrarias:
Asabeça: www.asabeca.com.br
Cultura: www.livraria.cultura.com.br
Martins Fontes: www.martinsfontespaulista.com.br
Siciliano: www.siciliano.com.br
Publicarei em meu Blog algumas histórias para divulgar o livro que retrata a importância do ambiente saudável, com humor e respeito. Presenciei várias delas ao longo de meus trinta e oito anos de trabalho até minha aposentadoria em 2011.

EU VI UMA NUVEM BRANCA!

Estavam reunidos num restaurante o Luís, o Lucamo, o Tonhão e o Flaviano. Esse último muito falante e comunicativo, seus amigos diziam que ele falava até pelos cotovelos. De futebol à política, passando por economia e para não perder a oportunidade também de mulher e cachaça, os assuntos se multiplicavam à mesa regada de muita cerveja naquela tarde quase noite paulistana. O papo transcorria animado desde o final do expediente e parecia que iria varar a noite.

Os problemas do cotidiano profissional já haviam sido todos discutidos e as soluções todas apresentadas em calorosas discussões. A cerveja era consumida com muito prazer naquela noite de verão paulistano. Algumas porções generosas haviam sido servidas pelo proprietário do restaurante, que já conhecia o nosso pessoal de longa data.

Era o bom e educado Gouveia, um português simpático e com muito tino para os negócios. Seus bolinhos de bacalhau eram apreciados com muito gosto pelos freqüentadores da casa. A cerveja sempre gelada ou o choppinho bem tirado eram também marcas registradas daquele local.

Lá pelas tantas, depois de muitas cervejas e muita conversa jogada fora, aconteceu um fato estranho com o Flaviano. Ele levantou-se e saiu de repente da mesa e sem dizer nada aos amigos, caminhou em direção à porta, todos pensaram que ele iria ao balcão comprar cigarros ou quem sabe dar um telefonema.

Ao invés disso o cara passou direto pela porta e foi para a calçada em linha reta, nesse momento todos se levantaram da mesa e correram para segurá-lo. Não houve tempo e Flaviano atravessou a Rua Augusta sem olhar para nenhum dos dois lados da pista, que naquela hora estava super movimentada. Os rapazes conseguiram interceptá-lo quando ele já se posicionava para atravessar a Avenida Paulista.

Ao abordá-lo eles lhe perguntaram o que havia acontecido, e Flaviano com a voz inebriada respondeu pausadamente:

_ Eu estava bem, mas de repente eu vi uma nuvem branca sob a minha cabeça, e não consegui lembrar-se de mais nada.

Ao vê-lo recuperado o pessoal voltou para o restaurante para acertar a conta. No dia seguinte ao entrar com a cara amarrada para trabalhar Flaviano já ouviu no elevador alguém perguntando se era ele o Nuvem branca?

O cara ficou uma fera e carregou por muito tempo esse incomodo apelido, até que o fato caiu no esquecimento da maioria. Pelo acima descrito nem todos esqueceram o que aconteceu naquela noite quente em Sampa.

24 de outubro de 2013

Aumento do IPTU com retorno quase zero para os munícipes!

Podeis enganar toda a gente durante certo tempo;
podeis mesmo enganar algumas pessoas todo o tempo;
mas não vos será possível enganar sempre toda a gente.
Abraham Lincoln

Todo ano a partir de outubro começam a veicular as notícias sobre o aumento do IPTU – Imposto Territorial Urbano para os munícipes de todo país. As desculpas esfarrapadas são sempre as mesmas, as propagandas pagas com nosso dinheiro em rádio e televisão não deixam dúvidas. "Por uma cidade melhor” “Vamos fazer ainda mais por você”, etc.

A verdade é que apesar de ser um imposto necessário, raras são as cidades brasileiras que cobram este tributo de forma inteligente, levando em conta a planta genérica atualizada da cidade e tendo como base a metragem exata dos imóveis e sua localização correta.

Ao contrário, algumas prefeituras emitem os carnês de cobrança sem sequer checar qualquer tipo de informação. O fazem de forma repetitiva anualmente e apenas se importam com a receita que vai pingar durante o prazo de pagamento do IPTU.

A base de cálculo do IPTU é o valor venal do imóvel sobre o qual o imposto incide. Este valor deve ser entendido como seu valor de venda em dinheiro à vista, ou como valor de liquidação forçada. É diferente de seu valor de mercado, onde o quantum é ditado pela negociação, aceitação de parte do preço em outros bens, entre outros artifícios, enquanto aquele, isto é, o valor venal, é ditado pela necessidade de venda do imóvel em dinheiro à vista e em curto espaço de tempo. Por isso, o valor venal de um imóvel pode chegar a menos de 50% de seu valor de mercado. A alíquota utilizada é estabelecida pelo legislador municipal, variando conforme o município.

Os recursos advindos da cobrança do IPTU, via de regra, como os demais impostos, são mal administrados, pois raros também, são os prefeitos que sabem administrar uma cidade e suas finanças. Normalmente o dinheiro é gasto com bobagens, perde-se muito com desperdícios e a velha e enraizada corrupção.

O transporte público, o recapeamento das ruas sem asfalto, bem como, as manutenções da malha viária, iluminação pública, enfim, nada melhora para o cidadão apesar de seu IPTU aumentar anualmente. Sem contar que o IPTU é considerado uma ferramenta de promoção da função social.

Na maioria das cidades do país, ele é tratado como mais uma receita a ser gasta sem parcimônia, sem ser fruto de planejamento estratégico, sem a mínima Inteligência por parte dos gestores públicos.

Nos grandes centros, onde normalmente a Prefeitura não sabe de nada, é omissa, e se apequena diante do gigantismo da cidade boa parte das construções são erguidas à revelia do poder municipal. No bairro onde morei por muitos anos em São Paulo, cansei de ver pessoas erguerem casas sobre terrenos que não lhes pertenciam. Jamais a Prefeitura oficialmente os cobrou pela obra, nem questionou o uso irregular dos terrenos.

Isso sem contar as construções em áreas de risco, que são lembradas sempre que chove e os terrenos deslizam levando consigo muitas casas e trazendo morte e dor para quem de livre e espontânea vontade decidiu viver sob risco.

Se as prefeituras fossem administradas sob a premissa de um planejamento quadrienal, com ênfase para o corte de gastos com desperdícios, acompanhamento das receitas e despesas mensais e profissionalismo no atendimento ao cidadão e na realização dos processos licitatórios com certeza elas teriam recursos sobrando e poderiam dar qualidade de vida aos cidadãos que nelas residem.

Utopia? Sim, no quadro atual da vida brasileira é utópico imaginar algo próximo desta situação, porém, cabe à sociedade civil organizada exigir transparência, combate à corrupção, zelo pelo bem público e aplicação correta daquilo que foi decidido no orçamento participativo da cidade.

23 de outubro de 2013

Uma tarde para celebrar a cidadania!

Seria uma atitude muito ingênua esperar
que as classes dominantes desenvolvessem
uma forma de educação que permitisse
aos menos favorecidos perceberem
as injustiças sociais de forma critica.
Paulo Freire
A Batra realizou na tarde de sábado 19 de outubro de 2013, no auditório da ITE - Instituto Toledo de Ensino em Bauru o I Torneio Inter Escolar uma competição utilizando como tema o Livro da Batra “Cidadania Consciente num regime democrático”.

As quatro escolas estaduais do ensino médio público finalistas do torneio lotaram o auditório da ITE e deram um show de alegria, educação, participação democrática, com muita vibração durante o transcorrer do evento.

Ao final a grande vencedora foi a Escola Estadual Sueli Aparecida Sé Rosa de Bauru, cujo aluno Jefferson Henrique de Oliveira já havia vencido o concurso de redação escolar no dia 05/10/13. Em segundo lugar ficou a Escola Estadual Prof.º Durval Guedes de Azevedo também da cidade de Bauru. Em terceiro lugar ficou a Escola Estadual Prof.º Carlos Correa Vianna da cidade de Reginópolis.

Cada equipe vencedora (Cinco alunos e o Professor orientador) receberão prêmios como Notebooks, Ipods e as escolas que ficaram em 1º e 2º lugar vai ganhar um aparelho Datashow. Mas nenhum prêmio por melhor que possa ser, substitui a alegria de presenciarmos centenas de jovens estudando, discutindo e participando de um Quis sobre cidadania, ética, sistema eleitoral, sistema tributário num clima de respeito, alegria e muita torcida.

A Batra através de todos os envolvidos no processo de elaboração, concepção e organização do Torneio está de parabéns. Uma menção especial cabe aos voluntários Silvio M. Maximino e Luciano Olavo da Silva, pois foram os idealizadores, os autores do livro e aqueles que mais incentivaram os demais membros pela realização do evento.

Alguns parceiros foram muito importantes ao longo do caminho árduo até chegar o dia da grande final do Torneio. Entre eles destaco Jornal da Cidade, ITE, USC, Agência Somma, Bebidas Fernandes, Receita Federal, Centro Espírita Amor e Caridade.

Neste momento em que escrevo não me importa as dificuldades que a direção teve no decorrer da organização do evento, a ausência de uma participação mais efetiva de alguns setores da sociedade, a distância de boa parte da mídia para com um evento que versa sobre tema tão importante à sociedade bauruense.

Mesmo com a pequena adesão de escolas, que poderiam ter lotado ainda mais o espaço generoso da ITE. Nada disso tem valor quando olhamos o resultado final, quando percebemos que cada jovem presente respirou cidadania, ética, senso de competitividade, humildade e deu valor para aquilo que mais importa que é: “O estudo é a única solução para qualquer sociedade que quer ver seus jovens triunfar”.

19 de outubro de 2013

Comparações que muitos não fazem!

“Grandes almas sempre encontraram
forte oposição de mentes medíocres.”
Albert Einstein

Na internet jorram aos montes tudo que é possível sobre a gestão de Lula 2003 – 2010 e de Dilma 2011 – até os dias atuais. Algumas verdades outras mentiras, por desconhecimento do assunto ou até por serem forjadas em ninhos de adversários que querem aproveitar os formadores de opinião desavisados com notícias e fatos nem sempre verdadeiros.

Lembro-me, por exemplo, da capa forjada e que nunca existiu da Revista americana Forbes que continha foto de Lula e dizia ser ele um dos homens mais ricos do Brasil. Era mentira, dias depois a revista americana desmentiu e disse nunca ter feito àquela capa. Outra mentira clássica foi uma montagem grosseira dizendo que o filho de Lula era dono de uma fazenda chamada Fortaleza no interior de SP. Na verdade a fazenda não existia, e a foto que ilustrava a mentira é da Universidade ESALQ que pertence a USP em Piracicaba – SP.

Em compensação nada é divulgado ou jogado na Internet contendo fatos reais das gestões tucanas de FHC ou dos governadores estaduais desta sigla, exemplo crasso é o Estado de SP governado há 18 anos pelos tucanos e que consegue ficar imune aos formadores de opinião e da grande mídia.

Casos não faltam para serem lembrados como, por exemplo, o Mensalão mineiro de Eduardo Azeredo – PSDB-MG ou de Marcondes Perillo – PSDB-GO e sua proximidade perigosa com Carlinhos Cachoeira. Em SP são 18 anos de gestões sem que nenhuma CPI fosse jamais aprovada para investigar o que quer que seja na gestão tucana.

Estes números publicados por Palmério Dória em seu excelente livro O Príncipe da Privataria dão uma noção exata das comparações que poderiam, mas não são feitas pelos formadores de opinião. Preferem detratar ao invés de analisar fatos e números entre gestões.

Muito há que se falar das privatizações criminosas que encheram muitas contas em paraísos fiscais e que nunca foram devidamente apuradas. A venda do setor de telefonia, a obscena venda da Vale do Rio Doce por preço muito abaixo do seu real valor. Sem contar a trama tucana para vender a Petrobrás.

Claro que muito teremos para falar da desastrada gestão petista a frente do país até o momento por dez anos. Mas falar de mensalão sem lembrar sua origem na gestão FHC na compra dos votos por R$ 200 mil para aprovação da emenda da reeleição é no mínimo incoerente.

17 de outubro de 2013

O Humor no Trabalho - A ambulância


O livro O Humor no Trabalho contém histórias engraçadas que ajudaram a manter um ambiente saudável, produtivo e com pessoas felizes e motivadas! Algumas destas passagens estão retratadas no livro que lancei em Fevereiro/13 em Bauru e São Paulo e que estão à venda nas livrarias de Bauru e nos Sites das Livrarias:

Publicarei em meu Blog algumas histórias para divulgar o livro que retrata a importância do ambiente saudável, com humor e respeito.

A AMBULÂNCIA

A nossa garagem não podia receber um veículo novo que logo a turma começava a bolar um ataque ao descuidado. Para isso não havia pressa, nem precipitação, a brincadeira sempre saia no tempo certo. Em parte se aproveitávamos do fato do novo dono de veículo zero km estar eufórico e distraído.


O nosso companheiro de equipe Luiz havia adquirido uma perua Caravan, até aí nada demais, exceto pela cor do veículo, era branco tipo ambulância. Um convite à malvadeza e a criatividade da turma, que logo começou a pensar o que fazer com aquela preciosidade que frequentava a garagem todos os dias da semana.


Foi numa bela sexta feira que a operação ambulância se concretizou finalmente. Luiz estacionou seu carro na volta do almoço, e a essa altura não imaginava que o pessoal pudesse mexer com seu veículo.


Foi trabalhar tranquilamente e deixou seu carro estacionado numa posição que favoreceu a execução da brincadeira.


Foi corretamente colocado na porta do passageiro um logotipo usado na gestão do ex-governador Paulo Maluf, com os seguintes dizeres: AMBULÂNCIA DOADA NO GOVERNO PAULO MALUF, devidamente colocada dentro do mapa estilizado do estado de São Paulo em vermelho. Que era uma marca da propaganda do ex-governador e por isso muito visada pela população que não gostava de propagandas de políticos em benefício próprio.


Às 18h00min Luiz deixa a garagem rumo à zona norte da capital paulistana, indo em direção ao bairro de Santana, onde residia com sua imensa família. Ao atravessar a cidade Luiz foi percebendo que os motoristas olhavam com espanto e certa curiosidade para seu veículo. No primeiro momento chegou a achar que estava abafando com seu novo carrão pela cidade, até que a ficha caiu e ele percebeu que o pior poderia ter acontecido.


Com alguma resistência desceu do carro e foi até o lado do passageiro verificar o que estava ocorrendo, e confirmou o que já imaginava aquela altura, havia sido logrado pelos seus próprios companheiros. Não arrancou o adesivo até chegar a casa, onde pode mostrar a obra para sua esposa e seus seis filhos.



Existem duas Justiças no Brasil!

“Grandes almas sempre encontraram
forte oposição de mentes medíocres.”
Albert Einstein

O Brasil é regido pela Constituição Federal de 1988, embora muitas de suas leis representem avanço no campo jurídico e social, a maior parte delas (1/3) sequer foi regulamentada. Além dela temos milhares de leis que nos guiam no campo prático da vida em sociedade. Regendo o direito civil, penal, comercial, ambiental, etc.

Entretanto, o país é dividido por uma linha tênue como se fosse à linha do Equador, cortando horizontalmente o país em duas extremidades distintas do ponto de vista do direito.

A parte de cima é aquela que tem acesso aos melhores profissionais que o Direito pôde formar ao longo de muitos anos de comprovada e ilibada experiência. São advogados renomados, alguns com experiência internacional, outros com notória carreira vitoriosa dentro do país. Eles custam caro, seus custos não são pequenos, porém, valem cada minuto com eles pelo retorno que conseguem para os que os procuram.

Geralmente eles atuam nas grandes Capitais, mas sem exceções conhecem cada meandro da Corte Federal, cada centímetro quadrado do STF, dos cartórios federais, dos órgãos que atuam no DF. São na verdade experts em resolver desde um problema simples até a mais complicada situação que seus clientes possam estar envolvidos.

A parte de baixo onde está o conjunto da sociedade que trabalha, paga impostos, aposenta-se pelo INSS, não tem recursos para bancar os advogados citados na parte de cima, por isso usam o que está ao alcance de suas contas bancárias, sejam pessoas físicas ou jurídicas. Acompanham seus processos até a segunda instância, depois, assim como seus causídicos, não podem custear viagens para acompanhar ou defender suas teses na chamada terceira e última instância do direito nacional. Ficam sabendo pela internet ou pelo advogado o resultado final após muitos anos de espera.

Além da dificuldade financeira, outro grande obstáculo para o cidadão comum é que existem alguns paredões intransponíveis a sua frente quando move um processo. Por exemplo:

Ø Mover um processo contra o Estado é sinônimo de dor de cabeça, lentidão e mais de dez a vinte anos esperando o resultado. Mesmo assim, o Estado costuma usar de dois artifícios terríveis. Um deles é desqualificar a opção utilizada pelo processante, por exemplo, se o processo é trabalhista, o Estado alega que aquele processo deve ser apreciado pela justiça comum, civil, etc. O outro recurso utilizado é quando o processo trata de precatórios, o Estado simplesmente não paga e descumpre a lei frontalmente. Se o Estado não respeita as Leis, como exigir que o cidadão comum o faça?

Ø Um processo movido contra o Estado é julgado na primeira instância, caso o requerente ganhe, o Estado entra com recurso. O julgamento vai então para a segunda instância e demora em média de um a dois anos, se o cidadão ganha a causa, o Estado novamente entra com recurso e o processo vai para Brasília. Mesmo vencendo no Supremo, o cidadão tem de esperar a possibilidade de embargos declaratórios, recursos de várias naturezas e muitas vezes morrem sem receber o que lhes é de direito.

Nossa justiça tem armadilhas, meandros intransponíveis e muitos labirintos que favorecem os mais abastados, os políticos, empresários ligados a eles e uma casta que domina nosso país. O povo tem apenas a falsa percepção de que vive num país democrático e livre, porém quando tenta usar os mecanismos a sua disposição percebe que eles não foram feitos para toda sociedade brasileira.

16 de outubro de 2013

Valorizar o Professor, a lição que nunca fizemos!

Começo minha coluna no UOL na ocasião do Dia do Professor, 15 de outubro. Não há dúvida de que é o momento mais oportuno para iniciar qualquer trabalho na área de educação. As pesquisas nacionais e internacionais e as experiências bem-sucedidas de sistemas educacionais ao redor do mundo e no Brasil mostram que a qualidade da educação é, em grande medida, resultado da valorização social do professor. E no caso brasileiro é ocioso dizer que vamos mal.

Embora as diversas iniciativas e o consenso sobre sua centralidade, o que impede a valorização docente? Em grande medida, o entrave é orçamentário. O Brasil conta com mais de 2 milhões de educadores sub-remunerados atuando na educação básica. Recentemente, os 27 governadores entregaram ao Governo Federal uma nova fórmula de cálculo para reajuste do piso salarial nacional do magistério, que atualmente é de R$ 1.567. Segundo a proposta dos governantes estaduais, o piso passaria a ter valorização real, acima da inflação, na ordem de 0,5% a 2%. Já proposta elaborada pela Campanha Nacional pelo Direito à Educação, pela CNTE e pela Undime (União Nacional dos Dirigentes Municipais da Educação) geraria uma valorização real de 2,5% a 4%.

A questão é mais complexa do que parece. Em lugar dos governadores se submeterem ao Palácio do Planalto, pedindo apoio à sua proposta, deveriam exigir que o Governo Federal cumprisse com o disposto no primeiro parágrafo do artigo 211 da Constituição Federal: cabe a União colaborar técnica e financeiramente com Estados, Distrito Federal e municípios para o alcance de um padrão mínimo de qualidade. Não há dúvida de que o piso do magistério compõe esse mínimo denominador comum, a qual nenhum educador deve receber menos.

Colaborei com nota técnica recente elaborada pela Fineduca (Associação Nacional de Pesquisa em Financiamento da Educação). Nela, o professor José Marcelino de Rezende Pinto (USP/Ribeirão Preto), a partir do estudo do CAQi (Custo Aluno-Qualidade Inicial), mostra que faltam R$ 46,410 bilhões para a universalização plena do piso do magistério e a consagração de uma política de carreira em todo o país, além de um padrão mínimo de qualidade a partir de insumos. Contudo, esse é o cálculo para as matrículas atuais. Ainda temos mais de 3,7 milhões de crianças e adolescentes fora da escola, quase 14 milhões de analfabetos e precisamos de mais 3,4 milhões de vagas em creches para matricular apenas metade das crianças de 0 a 3 anos.

Claro que governadores e prefeitos precisam fazer sua parte e não devem se eximir de suas responsabilidades, esperando que o Palácio do Planalto cumpra com sua obrigação constitucional. Mas é fato que a federação brasileira é injusta e desigual. Segundo dados de 2010 do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República, a União retém 57,1% dos recursos disponíveis arrecadados, sobrando 24,6% para os 26 Estados e para o Distrito Federal e apenas 18,3% para os mais de 5.565 municípios. No entanto, conforme informações de 2009 do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), último ano em que foi feita essa comparação, a cada R$ 1,00 público investidos em educação, Estados e o Distrito Federal despenderam R$ 0,41, os municípios investiram R$ 0,39 e a União colaborou com só R$ 0,20. Portanto, o Governo Federal arrecada bastante, mas contribui muito pouco com a educação, especialmente com a educação básica - e o mesmo ocorre com a política de saúde!

O salário e a carreira são pressupostos para uma efetiva valorização docente, mas não encerram a questão. A professora Magda Soares (UFMG), no encontro do Grupo de Trabalho de Alfabetização da Anped (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação), defendeu que não basta o Brasil pensar políticas de formação continuada. É preferível trabalhar com a perspectiva de desenvolvimento profissional.

Hoje muitas políticas de formação continuada, ao não dialogarem com a realidade das escolas, com a categoria e com os pesquisadores da área, têm partido do pressuposto de que o professor não sabe. Ele teve uma formação inicial frágil, inadequada, pouco orientada aos desafios de sala de aula. E isso precisa ser corrigido. Nesse contexto, as políticas de formação continuada também não funcionam, pois têm sido implementadas como formação "descontinuada", ou seja, por meio de ações dispersas, às vezes repetitivas. Tratar o professor como um profissional desprovido de conhecimento não colabora para seu aperfeiçoamento. Ou seja, é preciso compreendê-lo como um profissional, que deve construir uma trajetória crescente de desenvolvimento de sua profissão, aproveitando seus saberes e estimulando-o a adquirir outros, por meio da reflexão sobre sua prática.

Enfim, para universalizar o direito à educação pública de qualidade, o Brasil precisa fazer o básico: tratar o professor como um profissional, respeitando-o como um profissional e, a partir daí, exigindo dele o que se exige de um profissional. Soluções baseadas na descoberta de variáveis mágicas, falsamente determinantes para a qualidade da educação, continuarão a afastar o Brasil do caminho racional e concreto: é preciso encarar com seriedade e honestidade a valorização dos profissionais da educação.

Texto de Daniel Cara publicado no Site UOL em 15/10/2013.

11 de outubro de 2013

Leitura com os ouvidos


Imagine a cena: você chega em casa depois de um dia cansativo, toma um banho e tudo o que você mais quer é se enfiar embaixo das cobertas e terminar aquele livro. Ou então: você está na sala de espera do médico e aproveita para continuar a ler seu livro que trouxe na bolsa. Essas são atividades comuns e que chegam a ser banais, mas que para muita gente não é uma possibilidade. E se você não pudesse enxergar, como leria sua história favorita? Logo do projeto (foto: divulgação)
O Biblioteca Falada, projeto de extensão da FAAC, tem como objetivo contribuir para o desenvolvimento das aptidões de audioleitura e aquisição de conhecimentos para a inclusão social dos portadores de necessidades especiais visuais. Através da transformação de textos do impresso para o áudio, eles possibilitam que deficientes visuais possam ouvir diversos conteúdos literários, jornalísticos e até mesmo descrições de videoclipes e trailers.

Ouça a adaptação em áudio de alguns poemas retirados do livro Antologia Poética, de Vinícius de Moraes. 
https://soundcloud.com/bibliotecafalada/vinicius-de-moraes 

Aberto para todos os alunos, professores e funcionários da Unesp Bauru, o projeto hoje conta com cerca de 20 pessoas que participam de todas as etapas: desde a elaboração e adaptação de roteiros até a locução, edição e sonoplastia. “Dessa forma, os participantes conseguem ter uma visão geral e bastante prática da dinâmica de produção para as mídias sonoras, além de exercitarem a locução, a produção de áudio (construção de vinhetas, seleção e mixagem de trilhas), a montagem, entre outras atividades”, explica a Profª. Drª. Suely Maciel, coordenadora do Biblioteca Falada.

Os textos são escolhidos a partir das demandas e sugestões dos alunos do Lar Escola Santa Luzia para Cegos de Bauru. Hoje, o projeto atende cerca de 40 alunos do Lar, que recebem os áudios finalizados em CDs e DVDs, e também um público potencial estimado em 10 mil pessoas por mês que podem acessar a página do projeto na internet.

Ouça a locução das regras que compõem o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

A coordenadora Suely Maciel explica que “a proposta visa proporcionar o contato com a realidade de um grupo especial, que são os deficientes visuais, contribuindo para desenvolver no discente o senso crítico em relação aos problemas dos diferentes grupos sociais e o respeito por eles, calcado nas noções de cidadania e de direitos humanos”.


Se você se interessou e deseja participar do Biblioteca Falada, basta enviar um e-mail para suelymaciel@faac.unesp.br. O projeto receberá novos voluntários neste começo de semestre e eles já estarão inclusos na próxima vigência, que vai de janeiro a dezembro de 2014.

Por Marina Moia - Jornalista Graduada pela Unesp-Bauru - Via ACI/FAAC - Unesp Bauru

10 de outubro de 2013

Professor - Profissão quase sem esperança!

“Há os que lutam uma vez e são importantes.
Os que lutam muitas vezes e são fundamentais.
E há os que lutam sempre, esses são imprescindíveis”.
Brecht


Desde há muito tempo, creio que, pelo menos desde 1980, que os professores estão assistindo suas carreiras definharem nas mãos de governos incompetentes, corruptos e muitas vezes inescrupulosos no Brasil.

Não importa a esfera do poder público, seja municipal, estadual ou federal, o desprezo pela carreira e pela importância do Professor na vida do nosso país é absurdo.

Sempre que um governante vem a público divulgar um novo plano educacional ou de carreira profissional, carrega junto minha desconfiança, tendo em vista que professor e político não combinam. Parece que são dois elementos químicos da tabela periódica que são como certos átomos, extremamente reativos enquanto outros são praticamente inertes.

Claro que os Educadores são reativos e os políticos completamente inertes. Saímos do século XX, adentramos ao século XXI e os salários dos profissionais da educação continuam imorais, muito aquém da importância que merecem os Educadores.

Neste momento estão em greve professores de vários Estados e cidades brasileiras, em sua maioria brigando por melhores salários, condições dignas de trabalho, estrutura decente para poder lecionar e por um plano de carreira minimamente inteligente e condizente com a premissa que nada é mais importante numa nação do que o seu sistema educacional.

Eu uso como divisor de águas o ano de 1980, pois até esta época os professores ainda trabalhavam apenas lecionando em escolas públicas, onde tinham um salário digno e condições de ministrar aulas com paixão e capacidade técnica adquirida ao longo de muitos anos.

A partir deste momento começaram por exemplo em SP gestões como a de Paulo Maluf que trucidaram os professores e todos os profissionais envolvidos na Educação.

Entre 1983 e 1986, ao menos em SP, houve um período de muita discussão e reflexão sobre a educação com Franco Montoro. De lá para cá, decepções atrás de frustrações é o que assistimos nas gestões de governantes ineptos, que preferem gastar com publicidade, desperdício e corrupção do que com Educação.
O governo federal através da presidenta deveria aproveitar o momento de reivindicações e greves em todo país e junto com seu ministro da educação convocar os secretários estaduais desta pasta para juntos promoverem uma revolução na educação brasileira.

Mas para fazer isso seria preciso duas coisas que nossos governantes não possuem:

a) Vontade política;

b) Ter um PLANO para poder propor uma transformação nacional na educação.

Sendo assim, caminhamos para o dia em que não teremos mais profissionais dedicados a ensinar, pois com certeza estes terão perdido pelo caminho a esperança na profissão sagrada que deveria ter um piso nacional compatível a relevância de sua atividade para todos nós brasileiros.

8 de outubro de 2013

Homens de Bem

Você, leitor, é pessoa honesta e cumpridora. Trabalha. Paga as contas. É decente com a mulher e os filhos. Mas quando olha em volta, o cenário é selvagem. Os colegas usam e abusam da dissimulação e da mentira. Sem falar da corrupção de superiores hierárquicos ou de políticos nacionais, esse câncer que permite a muitos deles terem o carro, a casa, as férias, a vida que você nunca terá.

Para piorar as coisas, eles jamais serão punidos por suas viciosas condutas. A pergunta é inevitável: será que eu devo ser virtuoso? Será que eu devo educar os meus filhos para serem virtuosos? Essas perguntas foram formuladas por Gustavo Ioschpe em excelente texto para a "Veja". De que vale uma vida ética se isso pode representar, digamos uma "desvantagem competitiva"?

Boa pergunta. Clássica pergunta. Os gregos, que Ioschpe cita (e, de certa forma, rejeita), diziam que a prossecução do bem é condição necessária para uma vida feliz. Mas o que dizer de todas as criaturas que, praticando o mal, o fizeram de cabeça limpa por terem falsificado a sua própria consciência?

Apesar de tudo, Gustavo Ioschpe tenciona educar os filhos virtuosamente. Não por motivos religiosos, muito menos por temer as leis da sociedade. Mas porque assim dita a sua consciência. Um dia, quem sabe, talvez o Brasil acabe premiando essas virtudes. A resposta é boa por seu otimismo melancólico. Mas, com a devida vênia ao autor, gostaria de deixar dois conselhos para acalmar tantas angústias éticas. O primeiro conselho é para ele não jogar completamente fora as leis da sociedade na definição de boas condutas. Porque quando falamos de vidas éticas, falamos de duas dimensões distintas: uma dimensão pública, outra privada.

E, em termos públicos, acreditar que os homens podem ser anjos (para usar a célebre formulação do "Federalista") é o primeiro passo para uma sociedade de anarquia e violência. Na esfera pública, eu gostaria que os homens fossem anjos; mas, conhecendo bem a espécie, talvez o mínimo a exigir é que eles sejam punidos quando se revelam diabos.

Se preferirmos, não são os homens públicos que têm de ser virtuosos; são as leis que devem ser implacáveis quando os homens públicos são viciosos. Isso significa que a principal exigência ética na esfera pública não deve ser dirigida ao caráter dos homens --mas, antes, ao caráter das leis e à eficácia com que elas são aplicadas. No limite, é indiferente saber se os homens públicos são exemplos de retidão. O que importa saber é se a República o é.

Eis a primeira resposta para a pergunta fundamental de Gustavo Ioschpe: devemos educar os nossos filhos para a virtude? Afirmativo. Ninguém deseja para os filhos a punição exemplar das leis. E, como alguém dizia, é do temor das leis que nasce a conduta justa dos homens. Desde que, obviamente, as leis inspirem esse temor. E em privado? Devemos ser virtuosos quando nem todos seguem a mesma cartilha e até parecem lucrar com isso?

Também aqui, novo conselho: não é boa ideia jogar fora os gregos. Sobretudo Aristóteles, que tinha sobre a matéria uma posição sofisticada e, opinião pessoal, amplamente comprovada. Fato: não há uma relação imediata entre virtude e felicidade. Mas Aristóteles gostava pouco de resultados imediatos. O que conta na vida não são as vantagens que conseguimos no curto prazo. É, antes, o tipo de caráter que "floresce" (uma palavra cara a Aristóteles) no curso de uma vida.

E, para que esse caráter "floresça", as virtudes são como músculos que praticamos e desenvolvemos até ao ponto em que a "felicidade", na falta de melhor termo, se torna uma segunda natureza. Caráter é destino, diria Aristóteles. O que permite concluir, inversamente, que a falta de caráter tende a conduzir a um triste destino. Exceções, sempre haverá. Mas, aqui entre nós, confesso que ainda não conheci nenhuma. Não conheço maus-caracteres que tiveram grandes destinos.

Sim, leitor, não é fácil olhar em volta e ver como a mesquinhez alheia triunfa e passa impune. Mas não confunda o transitório com o essencial. E, sobretudo, nunca subestime a capacidade dos homens sem caráter para arruinarem suas próprias vidas. Educar os filhos para serem "homens de bem" é também ajudá-los a evitar essa ruína.

Texto do Escritor João Pereira Coutinho, publicado na Folha de SP em 08/10/2013. Ele é escritor português, doutor em Ciência Política. Colunista do Correio da Manhã de Portugal. Seus artigos estão reunidos no livro “Avenida Paulista”.

3 de outubro de 2013

Chegará o dia em que a Justiça mandará soltar todos os condenados!

“O juiz é condenado quando
o criminoso é absolvido"
P. Ciro

A discussão dos embargos infringentes do STF em relação aos denunciados e condenados no processo conhecido como Mensalão, trouxe à tona discussão sobre a exagerada possibilidade de recursos existentes na mais lata corte da nossa justiça para criminosos do colarinho branco principalmente. Aqueles que raramente são presos, mais raramente ainda cumprem prisão e possuem os mais caros advogados do país.

No andar de baixo da sociedade, proliferam os casos de criminosos que também estão sendo beneficiados com uma série infindável de benesses que possibilitam não serem presos preventivamente, aguardarem seus julgamentos em liberdade, após condenados continuarem em liberdade até que o último recurso seja julgado.

Isso tudo num país que tem um dos sistemas mais lentos do planeta, Onde processos se acumulam de forma absurda por mais de dez a vinte anos, aguardando julgamento, ou apodrecendo entre ácaros e percevejos que de tanto se alimentarem do papel destes processos são pós-graduados em direito.

Casos recentes denotam a total falta de interesse da Justiça em por fim a onda cada vez maior de criminalidade que assola nosso país. O caso do mensalão ganha manchetes, discussões acaloradas entre juristas, porém, a raia miúda continua sendo vítima da inércia do nosso sistema judiciário e sistema prisional.

O sistema prisional brasileiro existe apenas no eixo RJ-SP, com raríssimas exceções em alguns outros Estados que possuem uma ou outra unidade construída pelo governo federal e geralmente são de segurança máxima. Como o sistema tem um déficit imenso, a justiça deliberadamente ou não, coloca tudo que pode da escória criminosa nas ruas para aguardar julgamento ou até para cumprir penas, evitando que centros provisórios fiquem abarrotados. Circulo vicioso que prejudica apenas o povo que recolhe pesados tributos ao país.

Diariamente assistimos nos noticiários as informações de quadrilhas presas pelo país em operações das policias civil, militar e federal. No dia seguinte no mesmo horário ficamos sabendo que a justiça soltou os acusados mediante Habeas Corpus ou artifícios disponíveis nas nossas leis

Deixa-nos a impressão que a justiça não tem interesse em manter presos os meliantes, talvez porque como tudo no país, o sistema prisional é falho, omisso, deficitário e não recebe dos governos em todas as suas instâncias quaisquer investimentos para a melhoria desta situação caótica.

Chegará o tempo que teremos mais criminosos nas ruas do que gente de bem. Ou ainda, quem sabe a sociedade seja obrigada a ver o tempo em que no Brasil a justiça dará tantos benefícios que não irá mais prender criminosos, deixando-os soltos na rua. O escritor Saramago talvez denominasse isso de Ensaio sobre a Cegueira da Justiça.

Mau uso dos impostos, omissão, vagabundagem dos nossos governantes e políticos que não se preocupam com a criminalidade e se bobear ainda convivem com ela harmoniosamente trocando figurinhas sobre embargos infringentes e habeas corpus.