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14 de setembro de 2016

Ele ainda não teve o que merece!

“As convicções são inimigas mais perigosas da
verdade do que as mentiras” Friedrich Nietzsche

O deputado Eduardo Cunha teve seu mandato cassado na noite de 12 de setembro de 2016, numa votação histórica que registrou ao final: 450 votos favoráveis contra apenas 10 votos contrários. Cunha viu ser dizimada em poucos meses sua base fiel conhecida como Centrão. Do auge de sua atuação a frente da Câmara dos Deputados, até o declínio de sua carreira com a contumaz cassação aplicada por seus pares, percorreu um caminho de denúncias, suspeitas e intrigas provocadas por sua arrogância.
Sua carreira política começou quando trabalhou na campanha eleitoral de Eliseu Rezende (PDS-MG) na eleição de 1982 e de Moreira Franco (Atual desafeto) candidato ao governo do RJ em 1986. Em seguida, foi convidado por ninguém menos do que Paulo César Farias a se filiar ao Partido da Reconstrução Nacional (PRN) e integrar o núcleo da campanha de Fernando Collor de Mello em 1989.
Atuou como tesoureiro da campanha no Comitê do RJ, e em troca, após a eleição de Collor, foi nomeado em 1.991 como Presidente da Telerj. Não demorou muito tempo para que o TCU constatasse irregularidades na contratação de servidores sem concurso publico, tratamento privilegiado a determinados fornecedores, falhas e fraudes em licitações. Sem contar o escândalo de superfaturamento quando foi descoberto um esquema que Cunha havia assinado de U$ 92 milhões entre a Telerj e a NEC do Brasil.
Em 1995, ingressou no Partido Progressista Brasileiro (PPB). Em 1996, ele e outras 41 pessoas foram autuadas em um dos processos que investigava o Esquema PC, chegando a ser réu de um dos processos. Todavia o TRF concedeu um Habeas Corpus e trancou a ação contra Cunha.
Sua primeira aventura política real foi em 1.998, quando se lançou candidato a uma vaga de deputado estadual pelo RJ, mas teve apenas 15 mil votos e não foi eleito. Sua amizade com Anthony Garotinho possibilitou que fosse indicado a presidir a Companhia Estadual de Habitação do RJ. Ficou apenas seis meses e foi afastado em virtude de denúncias de irregularidades em contratos sem licitação e favorecimento de empresas fantasmas.
Percebemos que o mesmo modus operandi da Telerj voltava a acontecer na CEHAB. Em ambas, Cunha era o presidente das empresas. Coincidência? Em 2001 o TCE/RJ confirmou as diversas irregularidades nas licitações da CEHAB, entre elas a adulteração de certidão negativa de tributos estaduais. Entretanto não foi punido.
Para tanto, assumiu uma vaga de Deputado Estadual o que lhe garantia imunidade parlamentar nas investigações em que estava envolvido. Finalmente em 2003, troca novamente de partido e vai para o PMDB (Berço de tantos suspeitos de corrupção).
Foi eleito em 2002 e reeleito em 2006 com 130 mil votos, neste momento percebemos que os eleitores não pesquisaram a vida do candidato ou não sabem mesmo em quem votar com consciência e seriedade.
De lá para cá, atuou como sempre quis, livre, seguro por sua imunidade parlamentar, o que lhe permitiu transitar junto a empresas dos setores de energia, telefonia e construção obtendo vantagens que resultaram nas propinas que ele tratou de enviar para paraísos fiscais e para a Suíça.
Muitos brasileiros pensam que o único crime de Cunha tenha sido mentir na Comissão de Ética da Câmara, ledo engano, contra ele existem vários processos em andamento ou parados na Lava Jato, STF e em muitas outras varas da justiça.
Sua cassação não é nada, esse elemento precisa ser julgado, condenado e punido rigorosamente pela Justiça brasileira, como um dos elementos mais nocivos que nossa política já produziu nos últimos 40 anos. Sua trajetória, em parte descrita acima, é apenas um leve aperitivo do que Cunha é capaz de fazer quando tem poder e imunidade.

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