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30 de setembro de 2017

Uma tese interessante!

"A democracia sobrevive quando a
inteligência do sistema compensa
a mediocridade dos atores"
Daniel Inneraty

Nós, brasileiros, estamos enfrentando a pior crise moral da nossa política desde que Cabral descobriu nossa terra. Nunca em tempo algum tivemos tanta corrupção, tantos parlamentares da Câmara e do Senado envolvidos com crimes de toda ordem e natureza penal.
É verdade, que nunca fomos um povo que se dedicou a votar com consciência e seriedade. Afinal de contas, reelegemos seguidas vezes esses bandidos travestidos de políticos para supostamente nos representarem, algo que nunca fizeram.
São tantos os casos que não caberiam nesse texto, mas os brasileiros sabem que não podemos nos dar ao luxo de reelegermos pessoas que representam setores empresariais, conglomerados bancários, grandes grupos financeiros, corruptores (Que financiam suas campanhas com dinheiro ilícito através de propinas), mas jamais atuam em favor do povo e da nossa Nação.
Não é mais uma questão ideológica, não é mais uma questão de escolha de partidos pura e simplesmente, pois praticamente todos foram envolvidos em escândalos financeiros e criminosos nas últimas décadas.
O PMDB, PSDB, PT E DEM são os maiores partidos, e os que na prática comandam o esquema mafioso que está destruindo o Brasil. O exemplo do Rio de Janeiro é inquestionável, milhões foram desviados pela quadrilha de Sérgio Cabral, recursos da saúde, segurança e educação foram parar em contas no exterior, na compra de brilhantes e obras de arte, num esquema de lavagem de dinheiro público poucas vezes visto no Brasil.
A agricultura está nas mãos do PMDB há 18 anos pelo menos, a pasta de transportes é um covil que não consegue duplicar estradas federais, nem impor obras de infraestrutura sem que haja superfaturamento e desvios de bilhões. Isso para ficar em dois exemplos de ministérios condenados pela corrupção, inércia e ineficácia.
O PT ajudou a destruir a ideia de que a esquerda poderia fazer algo positivo no comando da nação. Aparelhou o Estado, infiltrou membros de sua quadrilha, e possibilitou que um esquema de propinas e troca de favores com grandes empreiteiras, fosse levado aos quatro cantos do país e até ao exterior. Empresas como Odebrecht, OAS, UTC, Mendes Junior, Engevix, chegaram ao ponto sofisticado de terem em seus organogramas departamento de propinas.
Defendo uma tese de que devemos aos poucos, com seriedade e muita consciência eliminarmos da vida pública estes Deputados e Senadores eleição após eleição. Começando em 2018 nas eleições para Câmara Federal e 2/3 de renovação do Senado.
É simples, basta não votarmos em ninguém que esteja na Câmara Federal ou Senado exercendo seu mandato (Nosso, na verdade). Para não deixar brechas, precisamos ficar atentos aos vereadores de nossas cidades. Estes, em troca de muito dinheiro apoiam os políticos que estão no poder. Vamos avisar a eles que quem apoiar políticos com mandato em 2018, não terá nosso voto em 2020.
Cada eleitor tem de fazer isso, não custa, basta pararmos um pouco de delegar aos outros aquilo que nós devemos fazer, Em nome da ética e da honestidade, para o nosso bem, de nossos filhos e netos e da nossa Nação. As redes sociais e a internet são nossos aliados poderosos. Mãos a obra! Espalhe nas redes sociais: 
“Em 2018 na hora de votar, pesquise seu candidato, não vote de forma alguma em quem está exercendo mandato como deputado federal ou senador”.
“Fique de olho nos vereadores de sua cidade, não reeleja quem apoiar deputados e senadores com mandato em sua cidade na eleição de 2018”.


Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger e Gestor Público.

29 de setembro de 2017

Operação mira esquema de corrupção na Receita Federal


Relatórios da Operação Zelotes, obtidos pelo Estado, apontam que o Santander teria obtido R$ 83 milhões em créditos tributários por meio de um esquema de pagamento de propinas na Receita Federal. Conforme a investigação, o banco contratou um escritório de consultoria em 2013, que teria comprado decisões favoráveis do Fisco.
Os recursos foram liberados pela Delegacia Especial da Receita de Instituições Financeiras em São Paulo (DEINF-SP), na qual funcionaria um núcleo de corrupção voltado para beneficiar bancos ilegalmente, supostamente comandado pelo auditor Eduardo Cerqueira Leite. Ele já é alvo de outras denúncias da Zelotes à Justiça, entre elas a que aponta supostos pagamentos indevidos para livrar o Santander de multa de R$ 890 milhões. O caso ainda aguarda julgamento pela 10.ª Vara Federal em Brasília.
As novas investigações, conduzidas pelo Ministério Público Federal e a Corregedoria do Ministério da Fazenda, mostram que o Santander contratou em outubro de 2013 a Lupe Consultoria e Assessoria Ltda, com o propósito formal de identificar possíveis créditos tributários por compensações ou restituições não realizadas pelo Fisco. De acordo com as apurações da Zelotes, o próprio Cerqueira Leite procurava previamente representantes do banco para oferecer a recuperação dos recursos.
As apurações apontam que ele elaborava "papers" com a proposta e a solução jurídica a ser adotada em favor do Santander nos processos. Além disso, indicava o valor de honorários a serem pagos e a quantia a ser "deixada" na Receita. "Creio que algo em torno de R$ 5 milhões seria bom, lembrando que tenho que deixar na delegacia R$ 1,5 milhão", escreveu ele num e-mail enviado ao advogado Mario Pagnozzi, um dos investigados por participação no esquema.
Após a contratação da Lupe, o auditor assinou despachos que fizeram o banco vencer três processos. "Percebe-se que, na tentativa de dissimular a ilicitude da empreitada, firmou-se um contrato de prestação de serviços entre a Lupe e o Santander. Com esse instrumento, tão logo as decisões administrativas fossem proferidas em prol do contribuinte, haveria o pagamento da pretensa consultoria prestada pelo grupo", diz trecho de um dos relatórios da Zelotes.
O documento registra que, embora o Santander tenha contratado uma consultoria "paralela" para cuidar dos casos, eram seus próprios advogados, lotados no setor jurídico da instituição, que continuavam apresentando petições nos processos. Após obter o direito aos créditos, o banco pagou R$ 5 milhões à Lupe, a título de "taxa de sucesso".
As quebras de sigilo da operação mostraram que a empresa bancou, supostamente como compensação pelos "serviços ilícitos", despesas pessoais de Cerqueira Leite. Entre 5 e 9 de setembro de 2014, por exemplo, foram quitados gastos dele, no valor de R$ 29 mil, numa loja de decorações.
Outras duas empresas também pagaram ao auditor R$ 300 mil entre 2010 e 2014. Num depoimento aos investigadores, o responsável por elas, Norberto de Campos, admitiu que "emprestou" as firmas para receber valores de bancos e, posteriormente, repassá-los a Cerqueira Leite. A Zelotes calcula, com base nas declarações do depoente, que o auditor tenha recebido R$ 2 milhões no total.
Outro lado
O advogado de Cerqueira Leite, Renato Vieira, disse que seu cliente nega a prática de qualquer ilicitude e sempre esteve à disposição da Justiça para prestar quaisquer esclarecimentos.
Rogério Cury, defensor de Mário Pagnozzi, afirmou que desconhece a investigação. Ele informou que está disponível para tratar desses e de outros fatos e sustentou que Pagnozzi sempre pautou sua atuação pela licitude. A reportagem não localizou Norberto de Campos e representantes da Lupe.
Já o Banco Santander, por meio de sua assessoria de imprensa, informou ao Estado que abriu mão dos benefícios "tão logo foi alertado pela Receita Federal" sobre as suspeitas de irregularidades nas atividades da Lupe Consultoria e Assessoria Ltda.
O banco diz ter sido criterioso ao contratar a consultoria e que não tinha conhecimento de irregularidades no serviço. Também informa não ter autorizado à participação de terceiros nas atividades constantes no contrato. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Publicado no Jornal A Tarde – Conteúdo do Estadão

Por que o Governo da Catalunha quer ser independente da Espanha?

Esses são os dados essenciais para se entender um conflito que colocou a Espanha no momento político mais complicado em 40 anos de democracia

Espanha está vivendo o momento político mais complicado após a queda, em 1975, da ditadura militar que governou o país durante 40 anos. O intento dos nacionalistas catalães de convocar de forma unilateral um referendo de independência declarado ilegal pela Justiça causou um enorme racha com o resto da Espanha e dentro da própria Catalunha. O Governo espanhol enviou uma grande força policial à região, no canto nordeste do país, e prendeu vários dirigentes políticos que comandavam a organização do plebiscito. Apesar disso, as autoridades catalãs insistem na sua desobediência e tentarão realizar o referendo no domingo próximo, dia 1º de outubro. A tensão é muito grande, com protestos diários nas ruas de Barcelona e outras cidades da região, enquanto no resto da Espanha a posição de força do Governo de Madri (Partido Popular, centro-direita) tem um amplo apoio político e social.
A Catalunha nunca foi uma nação independente, mas tem há muito um Governo próprio, conhecido como Generalitat. Ela estava integrada dentro do reino de Aragão, cuja unificação com Castela, em 1492, deu origem ao nascimento da Espanha. Tem uma língua própria, falada pela maioria da população. A Catalunha sempre foi uma das regiões mais ricas do país e uma das primeiras a conseguir o desenvolvimento industrial. Ao longo do século XX, milhares de espanhóis de outras regiões emigraram para lá na procura de empregos. Sua economia soma hoje 19% do PIB da Espanha e seus 7,5 milhões de habitantes representam 12% da população espanhola.
O sentimento nacionalista cresceu na segunda metade do século XIX e consolidou-se no início do século XX. Nos anos 30 a Catalunha conseguiu autonomia política dentro da República espanhola e os nacionalistas governaram a região. Após um golpe militar em 1936 e três anos da Guerra Civil,  o general Franco tomou o poder e resistiu nele ao longo de 40 anos. A Catalunha, como o resto do país, viveu sob a repressão. O poder ficou totalmente centralizado em Madri e o uso oficial do idioma catalão foi proibido.
A morte de Franco trouxe a democracia. A nova Constituição deu à Catalunha uma grande autonomia política e reviveu a Generalitat. Desde então o partido majoritário foi quase sempre o nacionalista conservador Convergência e União (CiU) que, ainda que lutava por conseguir mais poder para a região, não defendia posições independentistas e até assinava frequentes acordos políticos em Madri com os grandes partidos espanhóis.
O atual enfrentamento começou em 2010, em um momento no que a Espanha estava vivendo uma profunda crise econômica que afetou com especial virulência a Catalunha. Quatro anos antes, os catalães aprovaram em referendo uma nova lei autônoma (Estatuto) que ampliava os poderes da Generalitat e definia a Catalunha como uma nação dentro da Espanha. O conservador Partido Popular fez uma barulhenta campanha em todo o pais contra a nova lei catalã e apresentou um recurso no Tribunal Constitucional espanhol, o qual cortou consideravelmente o Estatuto e não permitiu o uso da palavra nação. Após a sentença, dezenas de milhares de catalães saíram às ruas para protestar na maior manifestação na democracia em Barcelona. A partir desse momento, a escalada do conflito só aumentou.
Desde então, os independentistas se esforçaram para reunir multidões em manifestações convocadas sempre em 11 de setembro, o Dia da Catalunha. Em 2012, ainda em meio à crise econômica e com muitos protestos contra os cortes nas despesas públicas, o presidente regional, Artur Mas, da CiU, disse publicamente que era hora de ter estrutura própria de Estado. Artur Mas, alvo de fortes críticas por sua política de austeridade econômica, alegou que os catalães já estavam cansados de gastar dinheiro para contribuir com o caixa da Espanha. “Não existe batalha mais urgente do que a soberania fiscal de nosso país... Produzimos recursos e riqueza suficientes para vivermos melhor do que vivemos”, disse. Pela primeira vez, um movimento até então muito minoritário via seus anseios refletidos em um presidente que prometia “plenitude nacional”. E que culpava o Governo de Madri por todos os seus problemas.
Dias depois, Artur Mas levou ao Parlamento uma lei para convocar um referendo de independência, mas fracassou. Logo depois convocou eleições antecipadas. Perdeu 12 cadeiras no Parlamento regional que foram majoritariamente para o partido que sempre defendeu a independência, Esquerda Republicana de Catalunha (ERC). Assim a demanda nacionalista se radicalizou. Em 2013, CiU e ERC combinaram um referendo. A grande maioria dos partidos espanhóis e os catalães não nacionalistas recusaram apoiar esse plebiscito. O seu argumento sempre foi que a Constituição espanhola impede a uma região de votar para se separar da União. Mesmo assim o referendo foi realizado em 9 de novembro de 2014. Como a iniciativa havia sido denunciada diante da Justiça pelo Governo central, com o apoio dos partidos contra a independência, a Generalitat deixou de chamá-lo de referendo e passou a denominá-lo “processo participativo”. Para evitar se expor a uma inabilitação judicial, os governantes catalães deixaram que a consulta fosse organizada por voluntários. A votação ocorreu com urnas de papelão. Os partidos não independentistas boicotaram e pediram que suas bases não participassem. No final votaram 2,3 milhões de pessoas de um censo estimado de 5,4 milhões de catalães. Dentre eles 80,76% foram a favor da independência.
Paralelamente, foram descobertos casos de corrupção que minaram o partido de Artur Mas. A polícia e a Justiça desvendaram que a CiU costumava cobrar 3% de propina em obras públicas. Jordi Pujol, presidente durante duas décadas, padrinho político de Mas e a grande figura do nacionalismo catalão desde a queda da ditadura, teve que reconhecer que escondeu uma fortuna no paraíso fiscal de Andorra, e acabou sendo acusado de lavagem de dinheiro e crime fiscal.
Artur Mas voltou a convocar eleições em 2015 e formou uma grande coligação nacionalista com a ERC, chamada Juntos pelo Sim. O seu objetivo era fazer dessas eleições um plebiscito a favor da independência. Embora os partidários da separação da Espanha não tenham conseguido chegar a 50% dos votos, somaram à maioria de deputados no Parlamento regional, entre o Juntos pelo Sim e uma agremiação nova, a Candidatura de Unidade Popular (CUP). A CUP, anticapitalista e defensora de uma estratégia radical de ruptura com a Espanha, obrigou Artur Mas a abandonar a presidência em troca de seu apoio para poder governar. O dirigente nacionalista foi substituído por outro membro de Convergência mais claramente independentista, Carles Puigdemont.
Apesar dos protestos dos partidos na oposição e das advertências do Governo, advogados, juízes, empresários e instituições europeias, os partidos independentistas aprovaram no dia 7 de setembro deste ano uma lei para convocar um referendo em 1º de outubro. E o fizeram impedindo as emendas da oposição, que, por sua vez, acabou abandonando suas cadeiras no Parlamento.
No mesmo dia, o Tribunal Constitucional espanhol suspendeu em caráter de urgência essa lei. No dia seguinte, os independentistas aprovaram outra lei, chamada de desconexão, que contempla todos os passos para a proclamação da República da Catalunha. Também foi suspensa pelo Tribunal Constitucional.
As pesquisas de opinião mostram que a população catalã está muito dividida, sem uma maioria clara a favor da separação da Espanha. Segundo o último levantamento feito pelo próprio Governo catalão, há dois meses, 49% eram contra a independência, e 41% a favor. Mais uma pesquisa realizada na última semana pela empresa Metroscopia para o EL PAÍS salientou que 61% acham que o referendo convocado para o 1º de outubro não é válido legalmente. Porém 82% desejam que os governos de Madri e Barcelona negociassem um acordo para realizar um plebiscito dentro da legalidade. Para isso, seria preciso a abertura dum processo de diálogo. Mas faz muito tempo que as conversas entre as duas partes foram interrompidas.

Artigo publicado no Jornal El Pais - Espanha

26 de setembro de 2017

Uma sociedade mal informada!

Ninguém pretende que a democracia seja
perfeita ou sem defeito. Tem-se dito que
a democracia é a pior forma de governo,
salvo todas as demais formas que tem
sido experimentadas de tempos em tempos.
Winston Churchill

O Brasil é um dos poucos países do mundo que mesmo após ter passado por uma ditadura militar, fruto de um golpe em 1964, ainda tem saudade e até faz apologia a uma improvável nova intervenção militar. A desculpa utilizada é que a corrupção dos políticos está insuportável. Como se de 1964 a 1985 todos os corruptos tivessem sido julgados, condenados e presos pelo sistema militar.
Se assim fosse, a ditadura militar não teria colocado no poder José Sarney como governador do Maranhão em 1965, Paulo Maluf como governador de São Paulo em 1978 ou mesmo guindado ao poder Antônio Carlos Magalhães – Toninho Malvadeza na Bahia.
O problema da corrupção e dos políticos que a praticam junto com empresários corruptores é idêntica às pessoas que votam sem consciência. Gente que leva a vida e as eleições na farra, muitos deles sem comparecer as urnas. Para estes, qualquer regime serve, pois eles não estão nem um pouco preocupados com o destino da Nação. Querem ganhar dinheiro facilmente ou viver do ócio mental.
Santa inocência acreditar que no período entre 1964 e 1985 o país não teve corrupção, como se esta, existisse apenas antes e depois do período militar. Reza a lenda, que nas grandes obras realizadas pela ditadura a propina era a mesma, apenas o que a diferenciava era o percentual que nunca ficava acima de 10% do valor da obra.
Neste período tivemos os Casos Capemi, Coroa Brastel, Delfin, BrasilInvest, PauliPetro, Projeto Jari apenas para destacar os mais importantes. O que acontecia na época é que estes e muitos outros crimes ficavam acobertados e a imprensa não podia noticiá-los sem a autorização dos generais. Assim ficava fácil o sistema parecer honesto.
Supor que seja um grande exemplo, os generais supostamente terem morrido pobres não me comove, nem altera o terror que o país vivenciou durante o período negro dos governos militares. Até no futebol eles se meteram, tirando um treinador da seleção e o substituindo por uma comissão técnica de pessoas ligadas ao regime.
Algumas pessoas conservadoras odeiam Cuba, embora amem dizer que nosso país precisa de “intervenção militar”. Suas argumentações são de que o regime ditatorial cubano não dá liberdade ao seu povo e prende os oposicionistas ao regime. E o que os militares fizeram no Brasil enquanto estavam no poder? Assim foi no Chile, Argentina, Bolívia e tantos outros países onde a democracia foi sequestrada por militares.
O nosso caos de corrupção vem de muito longe, está ligado a alguns fatores, entre eles a ganância, a impunidade provocada por leis com penas brandas, a justiça morosa e conivente aliada a liberdade demasiada que partidos políticos têm para manipular cargos e recursos sem o devido controle.

Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger e Gestor Público.

15 de setembro de 2017

Todas as malas do Presidente Temer!


segunda denúncia contra Michel Temer é mais forte e mais abrangente do que a primeira, engavetada pela Câmara no mês passado. Desta vez, o presidente é acusado de chefiar uma organização criminosa que roubou os cofres públicos durante mais de uma década. Na flechada inicial, a Procuradoria afirmou que Temer seria o destinatário de R$ 500 mil entregues a um assessor. A quantia parece gorjeta diante dos valores citados na nova acusação submetida ao Supremo.
De acordo com a Lava Jato, o "quadrilhão" do PMDB da Câmara embolsou mais de meio bilhão de reais em propinas. Em valores exatos: R$ 587.101.098,48. Isso encheria quase 1.200 malas iguais à que foi filmada com Rodrigo Rocha Loures.
A bolada teria sido dividida entre Temer e seis aliados. Quatro já foram presos: Eduardo Cunha, Geddel Vieira Lima, Henrique Eduardo Alves e o próprio Loures. Outros dois estão no Planalto: os ministros Moreira Franco e Eliseu Padilha.
A nova denúncia reúne mais provas do que a anterior. Entre elas, recibos de depósitos no exterior e planilhas do Drousys, o sistema secreto que registrava o repasse de propinas da Odebrecht. A peça é reforçada pela delação de Lúcio Funaro, o doleiro que entregou um "pacote" ao melhor amigo do presidente.
O Planalto já se arma para a nova batalha na Câmara. À primeira vista, o cenário parece indicar outra vitória do governo. Temer conseguiu enterrar a denúncia por corrupção passiva com 263 votos, quase uma centena a mais que os 172 necessários.
Contam a seu favor o silêncio das ruas, o apoio do empresariado e o desejo de "estancar a sangria" causada pela Lava Jato, que une políticos de todos os grandes partidos.
No entanto, alguns fatores podem abrir caminho para uma zebra. Entre eles, a ameaça de uma delação de Geddel e o clima de insatisfação na bancada governista. Os homens do presidente estão indo em cana, mas a demanda por malas só aumenta. 

Autor: Bernardo Mello Franco
Jornalista, assina a coluna Brasília. Na Folha, foi correspondente em Londres e editor interino do 'Painel'. Escreve de terça a sexta e aos domingos.

13 de setembro de 2017

Algoritmos e autocompletar: Como a tecnologia decide nosso futuro!

        Computadores podem prever o futuro? Nós queremos desesperadamente que o façam, se contarmos a simples tonelada de histórias de ficção científica que consumimos ao longo das décadas contendo oráculos tecnológicos que tudo sabem, usando seu imenso poder de cálculo para chegar a cada detalhe da mesma forma que o Deep Blue da IBM joga uma partida de xadrez.
As magníficas Minds (Mentes) que modelam o comportamento de civilizações inteiras ao mesmo tempo em que calculam os saltos pelo hiperespaço nos romances "Culture" de Iain M. Banks. C-3PO recitando as chances de sobrevivência para Han Solo em "Star Wars".
Por ora, entretanto, os videntes de silício não estão profetizando o futuro distante como deuses de IA. Em vez disso, eles estão ingressando no futuro próximo, estendendo gradualmente o alcance do que engenheiros de computação chamam de forma variedade de previsão, antevisão ou antecipação. Carros autônomos pisam no freio segundos antes de um acidente ocorrer.
Algoritmos de compra e venda de ações preveem flutuações de mercado com milissegundos crucias de antecedência. Ferramentas proprietárias preveem as próximas canções e filmes de Hollywood que farão sucesso. As formas com que a computação está se aproximando do futuro me recordam uma velha frase de William S. Burroughs: "Quando cortamos o presente, o futuro vaza". 'Os futuros nos quais pode pensar os futuros que você pode prever, são moldados pelo código de alguém. '
Melhores previsões do futuro próximo também estão começando a aparecer em todo tipo de produto de consumo. Costumávamos rir das malucas recomendações da Amazon e do infame Clippy da Microsoft, que aparecia para "ajudar" de forma ineficaz a escrever uma carta no Word, mas as previsões que vemos atualmente parecem com maior frequência assustadoramente precisas.
Considere o autocompletar do Google, aquela pequena série útil de textos sugeridos que aparece quando você começa a digitar no campo de busca. Como um gênero de profecia, isso pode parecer bem bobo. Mas considere com que frequência o usuário típico de internet faz uso dessas pequenas sugestões todo dia, as utilizando não apenas para economizar na digitação de algumas letras a mais, mas como uma espécie de minibusca por conta própria: uma rápida checagem ortográfica, uma checagem de fatos e "zeitgeist", tudo mesclado em uma coisa só.
O nome que você está pesquisando aparece junto com "namorada" ou "casada" depois dele? O que o Google sugere após você digitar "como eu"? (As sugestões do Google para mim foram "chego em casa; renovo o passaporte; tiro um passaporte; te amo". Obrigado, Google.).
Essas previsões se baseiam nas palavras que milhares de outras pessoas digitam nos campos de busca, mas também são personalizadas para você com base em seu próprio histórico de navegação, localização e o que quer que o Google use como referência em seu extenso arquivo a seu respeito.
Isso pode parecer uma conveniência banal, mas também é uma forma de reinventar o relacionamento que todos temos com o "agora" e o "logo". Anos atrás, o Google percebeu que as pessoas se irritam com demoras no tempo de resposta, mesmo que sejam de menos de um segundo.
De fato, os seres humanos podem se incomodar com qualquer atraso que seja perceptivelmente maior do que a velocidade com que nosso próprio sistema nervoso pode ser capaz de responder a estímulos (cerca de 250 milissegundos). Assim, caso o Google queira oferecer algo para você agora, ele luta para fazê-lo no mesmo tempo que leva para seu pé informar que você deu uma topada com o dedão.
Ao fazê-lo, ele amplia os limites do que é possível em gratificação instantânea, ao tentar adivinhar o que você deseja antes que você possa articular. O autocompletar salta à frente do agora para lhe oferecer o futuro próximo em uma bandeja de prata.
A qualidade preditiva do algoritmo se torna mais interessante quando você pega uma sugestão do autocompletar que não era bem o que você estava pesquisando, mas perto o suficiente para você aceitá-la por ser um mamífero preguiçoso. Pois nesse caso de sua busca sobre gatos ou ansiedade com palhaços, o Google não apenas previu o futuro, mas o mudou. Agora, multiplique essa possibilidade pelas 3,5 bilhões ou mais de buscas que a empresa processa por dia.
Outro tipo de moldagem do futuro
O autocompletar é apenas um pequeno exemplo das muitas formas com que as previsões por algoritmos moldam o futuro. Pense em seu relacionamento com o Facebook: a principal fonte de notícias para muitas pessoas.
A rede social emprega enormes recursos preditivos para descobrir como encher seu feed com conteúdo e conexões que façam você voltar ao site. Você é liberal ou conservador? Rico ou pobre? Qual é sua etnia, sua localização geográfica, sua marca favorita de roupas? Os anunciantes também querem saber e contam com a capacidade cada vez mais formidável do Facebook para aprimorar sua demografia, influências e preferências.
À medida que os anúncios se tornam mais bem direcionados, maior é a probabilidade deles de influenciar os produtos que você compra os presentes que recebe as viagens que faz o bairro no qual vai morar, ou quando tomar grandes decisões, como mudar de emprego ou se casar.
E as decisões dos algoritmos a respeito de com quem compartilhar o próximo grande evento de sua vida manterão o loop de feedback para outros. Esses dados também podem ser usados para discriminá-lo. Já pode tê-lo feito, como ocorreu com um velho sistema de anúncios do Facebook, que permitia aos clientes excluir "afinidades étnicas" específicas de verem anúncios de imóveis residenciais, crédito e emprego. (A empresa agora alega que implantou políticas que previnem esse tipo de discriminação deliberada).
Mesmo se não houver uma enorme pasta parda em Palo Alto rotulada de "negros no Facebook", os algoritmos são escritos de forma instrumental para considerar diferenças demográficas percebidas. O programa encherá seu feed de postagens e anúncios que ele acha que você (ou melhor, o entendimento dele às vezes incrível, mas no final impreciso, de você) gostará cada um com o potencial de se transformar em uma profecia que se autorrealiza do que você gostará.
O feed parecerá semelhante para aqueles que ele achar que são semelhantes a você, mas muito diferentes para alguém que ele associar com outras categorias demográficas e sociais.
Esse é outro tipo de moldagem do futuro: ele manipula a informação sobre a qual estamos cientes, não apenas as coisas nas quais nos concentramos, mas as coisas no horizonte sobre as quais estamos vagamente cientes. Mas essas coisas nas margens com frequência voltam e se transformam no futuro. Como temos uma capacidade limitada de pensar nas decisões que não se encontram no agora imediato, vislumbrar algo de canto de olho (digamos, uma propaganda de uma marca de tênis que seus amigos no Facebook gostam) pode influenciar você posteriormente, porque o anúncio coloca aquele tênis em uma lista curta de coisas que você pode vir a querer posteriormente.
Também facilita para você a decisão de comprar tênis daquela marca (um fato que os anunciantes conhecem muito bem). Nossos algoritmos se infiltram bem ali, entre nossa complacência e nossa ansiedade para preencher as lacunas. Aquele anúncio de uma imobiliária ou de anel de noivado pode estar próximo o bastante da coisa que achávamos que queríamos a ponto de ser mais fácil apenas clicar nele. Mas ao fazê-lo, nos tornamos as versões rasas de nós mesmos previstas pelo algoritmo e, no caminho, limitando as possibilidades de nossa experiência. Mamíferos preguiçosos.
Esse tipo de previsão apenas se tornará mais predominante, assim como mais sedutora em sua conveniência, à medida que os algoritmos melhorarem e os alimentarmos com mais dados com nossas buscas, nossos aparelhos domésticos inteligentes, nossas atualizações nas redes sociais e nossos crescentes arquivos de fotos e vídeos. O Facebook está próximo, literalmente, de ler sua mente.
Em sua conferência anual de desenvolvedores, ele apresentou uma nova tecnologia que pode transcrever texto diretamente do pensamento. E se, como o autocompletar, o texto for quase o que você pensou? E se seu cérebro, uma ferramenta incrivelmente adaptável, moldar seu pensamento para se tornar mais adequado ao algoritmo, e você se ver pensando no Facebook, assim como você ficou sonhando em francês por semanas antes da grande prova do Advanced Placement (programa para ajudar a ingressar na faculdade)? Agora, os futuros nos quais pode pensar são moldados pelo código de alguém.
Essa é uma versão extrema de como os computadores podem vir a prever o futuro, ao menos em seus detalhes particulares. Mas em relação ao futuro de forma geral, isso acontece o tempo todo. Nós cortamos e picamos o presente em milhões de diferentes modelos, fazendo todo tipo de suposição sobre o que podemos e não podemos prever.
Quanto mais dependemos de computadores para lidar com o futuro próximo para nós (para que lado eu viro? O que devo ler? Com quem devo sair?), mais limitado se torna nosso mapa do presente e o futuro potencial. Nós invertemos William S. Burroughs: cortando o futuro e o transformando em pedaços distintos do presente desnaturados de ambição, mistério, dúvida e de um propósito humano mais profundo. Podemos obter uma resposta para nossa pergunta, mas não sabemos o que ela significa.
Para a maioria de nós, a maior parte do tempo não é o futuro nebuloso, de longo prazo, que importa. São os próximos cinco minutos, o dia seguinte, a próxima linha de conversa. Essas são as previsões que os algoritmos desejam fazer por nós ao moldarem as decisões reais que movem nossa vida adiante. Mas o futuro não se resume às futuras decisões em nosso campo de visão. É o espaço em branco no mapa, a zona de possibilidade e esperança. Nos melhores dias, é o telescópio pelo qual vemos a melhor versão de nós mesmos finalmente se concretizando.
Mas esses algoritmos podem ser tão atraentes nas formas que acabam mapeando nosso futuro próximo a ponto de obscurecerem as mudanças lentas e dramáticas que podem levar décadas para se realizar. Os algoritmos são tão eficazes em preencher cada momento disponível de tempo livre com "pings" e atualizações que excluem oportunidades vitais para sonhos e autorreflexão: os momentos em que você de repente percebe que precisa largar seu emprego ou escrever um livro ou mudar quem somos.
Todos já tivemos essa experiência de descoberta de uma nova versão de nós mesmos, totalmente imprevisível por qualquer modelo. Esses futuros não são algo que deveríamos entregar aos cuidados de um algoritmo.

Autor: Ed Finn - Publicado no The New York Times
Tradutor: George El Khouri Andolfato


10 de setembro de 2017

Entre delações, acusações e denúncias, nenhum político se salva!

De que adiantam leis quando há
miséria interior e esplendor externo?
Chuang Tzu

Depois da chamada redemocratização do país em 1985, com o fim da ditadura militar, cujo golpe perdurou de 1964 a 1984, nossa escória política auxiliada pela nossa cegueira enquanto eleitores, levaram o país a uma situação de miséria em termos de ética, honestidade e gestão pública.
Se na questão econômica o país conseguiu domar a inflação, vivendo momentos de crescimento após dezenas de planos que em sua maioria não deram certo, no campo político a situação é caótica e semelhante à de republiquetas africanas.
Em 1984 tínhamos dois partidos políticos, a saber: Arena e MDB, que representavam situação e oposição. Na atualidade temos cerca de 35 partidos oficiais e mais vinte em processo de regularização no TSE. Infelizmente, esse aumento de partidos não deu qualidade alguma ao processo democrático brasileiro, muito ao contrário, fez aumentar a ausência de ética, a lucidez e o discernimento nas discussões dos assuntos mais importantes do país. Quase todos movidos por três aspectos:
1.   Corrupção;
2.   Acesso ao milionário Fundo Partidário;
3.   Poder (Cargos e dinheiro em troca de apoios e votos).
Isso levou a destruição da saúde, educação, segurança, habitação e saneamento básico, visto que, a junção de gestões ineficazes e comprometidas com a corrupção, aliadas aos partidos políticos completamente viciados nada pode fazer pela sociedade e suas legítimas ambições.
Tornamos-nos um país completamente desigual nos diversos índices de desenvolvimento humano. Um país com muitas leis, mas repleto de impunidade e morosidade no poder judiciário. Onde a corte suprema é escolhida de forma aviltante aos olhos da moralidade jurídica pelo Presidente da República.
Todos os segmentos importantes estão sendo desmontados e sucateados ano após ano, pelo poder estabelecido que mais se assemelhe a uma organizada quadrilha movida por um mecanismo de engrenagens sólidas e muito bem escondidas nos subterrâneos da vida pública brasileira.
O processo desencadeado pela Justiça através da Operação Lava Jato, cuja força tarefa está sediada em Curitiba, não conseguiu desmantelar nem 10% da quadrilha existente na política brasileira. Em parte, porque os políticos são protegidos pelo chamado “Foro Privilegiado” e pela complacência absurda do STF e seus desembargadores comprometidos não com as leis, mas com seus padrinhos políticos que os escolheram para ocupar tal cargo.
Muitos empresários de grandes empresas praticam o ganho fácil comprando políticos e partidos a muito tempo, mais tempo do que possa supor o incauto cidadão brasileiro, geralmente vitima de sua baixa instrução e do recebimento quase exclusivo de informações Made in Globo.
O Brasil não tem jeito, faltam homens públicos sem interesses escusos. Faltam gestores formados em grandes Universidades com vocação para o bem público e a aplicação de soluções inteligentes para favorecer a sociedade como um todo e não apenas pequenos segmentos como se faz há séculos no país.
Não viveremos para ver mudança na estrutura penal, judiciária e do poder executivo em nosso país. Não viveremos para ver um Congresso formado por representantes do povo, trabalhando pelo povo e para o povo. 

Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger e Gestor Público.

A ETE - Estação de Tratamento de Esgotos é mais uma obra sem gestão eficiente!

A maior parte das pessoas prefere
morrer a pensar; na verdade,
é isso que fazem. Bertrand Russell

Esse artigo deve começar pelo antigo e sábio ditado popular “Pau que nasce torto, morre torto”. Em 2015, a cidade de Bauru foi contemplada com verba de R$ 118 milhões, a fundo perdido pelo governo federal para a construção da sua tão sonhada Estação de tratamento de esgotos. Após a aprovação da verba, a prefeitura fez uma licitação para poder contratar uma empresa que fizesse o projeto da obra. Em seguida, foi realizada a licitação para escolher a empreiteira que realizaria a obra.
A empresa Arcadis Log ficou com a responsabilidade de elaborar o projeto e a Empresa Com Engenharia de realizar a obra. Desde então, percebe-se que não houve na gestão do ex-prefeito Rodrigo Agostinho (2009-2016) e do ex-presidente do Departamento de Água e Esgoto – DAE, comandado a época pelo Sr. Giasone A. Cândia, os devidos cuidados e o acompanhamento da fiscalização que uma obra deste porte exige. O custo inicial em 2015 era de R$ 126 milhões, considerada a obra mais cara do interior do Estado de SP.
Hoje estima-se que este valor esteja em torno de R$ 144 milhões sem que a estação esteja próxima de ser concluída. A parte civil caminhou a passo de tartaruga, até que a obra emperrou por conta de testes realizados que detectaram resultados insatisfatórios em parte das estacas com relação às provas de carga.
Outro “pequeno” problema apontado foi a ausência de um projeto elétrico para a obra. Como pode uma obra desta magnitude e valor, ter começado e caminhado por meses sem que o DAE, os fiscais da prefeitura e as empresas envolvidas não tenham percebido a ausência do projeto elétrico? Descaso? Falta de capacidade de gestão?
Seguindo a tradição de Bauru, onde um simples viaduto demorou 21 anos para ser entregue para a população, a ETE caminha para dar aos bauruenses muitas dores de cabeça e um prejuízo financeiro sem precedentes. Hoje esse prejuízo já está em R$ 18 milhões de reais.
Ter o esgoto tratado em cem por cento da sua totalidade é um sonho para qualquer cidadão bauruense e também para a maior parte do povo brasileiro, porém, saber que uma obra para resolver tal problema está sendo feita e conduzida de forma aquém do que deveria deixa a todos apreensivos.
Falta qualidade aos nossos gestores, conhecimento técnico e vontade política para saber ao menos acompanhar e administrar obras de tamanha relevância. Nossos políticos estão muito abaixo daquilo que deveria ser o mínimo necessário para uma gestão eficaz, proba e financeiramente aprovada.
Com isso, à população fica à mercê da incapacidade e da ausência de qualidade técnico administrativa para que nosso precioso dinheiro seja empenhado em obras com princípio, meio e fim. Dentro do que se espera de gestores que foram eleitos ou indicados para agir com ética, probidade e inteligência, visto que manuseiam recursos que se originam de nossos impostos.

Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger e Gestor Público.

4 de setembro de 2017

Bolsa investidor: Isenção de IR para "Ricos" custa bilhões ao país!


País deixará de arrecadar pelo menos R$ 5 bilhões neste ano com aplicações que beneficiam bancos, construtoras, agronegócio e investidores mais ricos.

Uma renúncia fiscal bilionária que beneficia principalmente os mais ricos entrou na mira de Michel Temer, Henrique Meirelles e companhia: a isenção de Imposto de Renda para aplicações em letras de crédito imobiliário (LCIs) e do agronegócio (LCAs).
A ideia de acabar com o incentivo, no entanto, ficou restrita aos relatos de bastidores e não foi abordada em público pelo presidente. Não se sabe se o governo pensa em acabar também com a isenção para títulos similares, como os certificados de recebíveis desses mesmos dois setores (CRIs e CRAs).
Ao não cobrar Imposto de Renda desses investimentos, o governo abrirá mão neste ano de pelo menos R$ 5 bilhões – R$ 3,6 bilhões referentes às letras de crédito e R$ 1,4 bilhão dos certificados de recebíveis.
Essa seria a arrecadação caso incidisse sobre os rendimentos a menor alíquota de IR cobrada de outras aplicações, de 15% para quem deixar o dinheiro aplicado por no mínimo dois anos. A estimativa considera um rendimento anual próximo ao da taxa Selic, que, segundo as projeções do mercado financeiro, ficará em 9,9% na média de 2017.
Governo quer reduzir benefícios ao setor privado e aos mais ricos. Mas está falhando. O interesse do governo em tributar esses títulos enfrenta a resistência dos bancos, que ganham dinheiro intermediando a compra e a venda de letras e certificados, e também de construtoras e produtores rurais, cujos projetos são financiados com o dinheiro aplicado pelos investidores. São setores bem representados no Congresso. O agronegócio, principalmente: a bancada ruralista, reunida na Frente Parlamentar da Agropecuária, tem 210 deputados e 24 senadores.
Dinheiro barato para empresas
Os títulos isentos de IR não beneficiam apenas quem aplica neles, mas também as empresas que emitem os títulos. Como o investidor não paga imposto e, portanto, tem um ganho líquido maior que o de outras aplicações semelhantes, as companhias não precisam oferecer um “prêmio” – rendimento acima da renda fixa convencional – muito alto para tornar a aplicação interessante. Assim, conseguem se financiar a custos mais baixos que emitindo títulos de dívida (debêntures) ou pegando dinheiro emprestado no mercado financeiro.
Um ponto polêmico é que mesmo empresas sem ligação com o agronegócio têm conseguido levantar recursos baratos por meio de CRA, com o aval da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). No ano passado, o Burger King arrecadou o equivalente a R$ 150 milhões e o Grupo Pão de Açúcar, R$ 750 milhões. Os recursos seriam usados para a compra de insumos, como produtos agropecuários e hortifrutigranjeiros.
Os bancos também saem ganhando, cobrando taxas sobre as operações. Que, por sinal, cresceram muito nos últimos anos, tomando espaço de aplicações de renda fixa que pagam imposto, como os tradicionais Certificados de Depósito Bancário (CDBs).
Investimento para poucos
Entre o fim de 2010 e o fim de 2016, o estoque de aplicações em LCIs, LCAs, CRIs e CRAs saltou de R$ 61 bilhões para R$ 332 bilhões. No mesmo intervalo, a carteira de CDBs encolheu de R$ 854 bilhões para R$ 553 bilhões.
Mas, ao contrário do que ocorre com os CBDs, que exigem aplicações mais baixas (a partir de R$ 200, em alguns casos), investir em título isento de imposto não é para qualquer um.
O valor mínimo fica a critério de cada banco, e é comum que as instituições deem preferência a clientes que movimentam mais dinheiro, já que existe um número limitado de títulos a serem distribuídos. Na Caixa, por exemplo, a aplicação mínima é de R$ 30 mil. Alguns bancos exigem pelo menos R$ 50 mil.
Governo queria reduzir benefícios ao setor privado e aos mais ricos. Mas está falhando
A equipe econômica defendeu em diversas ocasiões a redução dos subsídios e incentivos fiscais para o setor privado. Até agora, com pouco resultado.
Foi assim com a tentativa de reverter à desoneração da folha de pagamentos. A “reoneração” vigorou por poucos meses, porque o governo não conseguiu aprovar a medida provisória (MP) no Congresso e ela perdeu efeito.
No momento, o Planalto tenta aprovar a MP que eleva a taxa de juros cobrada pelo BNDES, com a troca da TLJP pela TLP, que reduzirá o subsídio para empréstimos a empresas.
Outra medida que pode ser anunciada em breve é o aumento da tributação dos chamados fundos de investimentos exclusivos, restritos a grandes investidores, que poderia gerar uma arrecadação extra de R$ 6 bilhões.
O governo também cogitou cobrar mais Imposto de Renda das camadas mais ricas da população, com a criação de um alíquota de 35% para quem ganha mais de R$ 20 mil por mês e o fim da isenção de lucros e dividendos. Mas o presidente Michel Temer desistiu da iniciativa horas depois de afirmar em público que ela estava em estudo.
Medidas como essas buscavam, antes de mais nada, diminuir o rombo das contas públicas, mas também poderiam aliviar as distorções no tratamento que o governo dá às diferentes classes de renda da população.
Como a tributação no Brasil é excessivamente concentrada sobre o consumo e sobre os salários, os mais pobres e a maioria dos assalariados acabam pagando proporcionalmente mais imposto que os ocupantes do topo da pirâmide social.


Autor: Fernando Jasper – Publicado na Gazeta do Povo - Curitiba

1 de setembro de 2017

Privatizações voltam a ser remédio para a ineficácia do Estado!

“Diz à lenda que um príncipe Hindu, certa vez, chamou um
ourives e encomendou uma joia que o moderasse
em seus momentos de glória e grande alegria.
E que ao ver-se em sofrimento ou em desgraça,
 esse objeto lhe pudesse trazer algo de consolo.
O ourives então confeccionou um
belíssimo anel com uma singela inscrição:
Isso Passará!”
As privatizações voltaram nessa semana a frequentar as páginas dos jornais do Brasil. Dessa vez apresentadas como solução pelo governo Temer e seus aliados tucanos.
Claro que sabemos que, alguns segmentos não devem ficar nas mãos dos nossos nefastos governantes, por pura incompetência e pela probabilidade gigantesca de haver corrupção enquanto estiverem sob a tutela dos mesmos e de seus apadrinhados políticos.
Sabemos que, o motivo não é bem esse, mas sim, o fato de que o governo Temer torrou em um ano muito dinheiro público e está com um rombo ainda maior do que o deixado por sua antecessora, da qual ele teve parceria até o Impeachment.
O processo de privatização deu certo em muitos países do chamado primeiro mundo, como por exemplo, a Inglaterra. Entretanto, não podemos cogitar quaisquer comparações com países que possuem governos honestos e com propósitos e missões que visam beneficiar a nação e o seu povo. O que não acontece com nosso país, cercado de quadrilhas travestidas de partidos políticos.
Voltando ao nosso país, na década de 90, o processo de privatização ganhou corpo através de Fernando Collor, que timidamente privatizou algumas empresas antes de ser cassado pelo Congresso Nacional. Em 1995 com o início da era tucana (1995-2001), o processo voltou travestido de uma dose cavalar de neoliberalismo.
O país privatizou muito, porém, foi o Estado de SP, capitaneado por Covas, Serra e Alckmin, que mais privatizaram em todo território nacional. Comgás, Nossa Caixa, Banespa, Cesp, Cteep, CPFL, Eletropaulo e muitas outras empresas renderam aos cofres estaduais cerca de R$ 80 bilhões. Dinheiro que sumiu no ralo da ineficiência e cuja origem jamais foi explicada a população, que vinte anos depois está sem Saúde Pública, Educação, Habitação e Segurança de qualidade.
A Cteep – Companhia de Transmissão Paulista por exemplo, foi vendida por R$ 1.091 bi, quando havia em caixa R$ 800 milhões. Seu patrimônio com centenas de subestações de energia em todo Estado era superior a R$ 20 bilhões à época. A única empresa visitada pelo ex-presidente na ocasião foi coincidentemente a vencedora, uma empresa colombiana.
O processo de privatização das Teles no governo de FHC, assim como Empresa Vale do Rio Doce, são provas vivas do suspeito processo de venda abaixo dos verdadeiros valores destes segmentos e das facilidades dadas aos seus compradores. Tudo muito bem explicado no Livro de Amaury Ribeiro Jr “A Privataria Tucana”. Obra que contém documentos secretos e a verdade sobre o maior assalto ao patrimônio público brasileiro. Explicando e provando como foi à viagem das fortunas tucanas até o paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas.
Agora que está acuado e sem respaldo popular, Michel Temer e sua grotesca equipe econômica ressuscitam as privatizações como remédio para estancar o rombo bilionário nas contas públicas. Colocando cerca de cinquenta empresas entre aeroportos, casa da moeda, etc., para venda em 2018.
Mesmo que todas fossem vendidas, o dinheiro arrecadado, assim como nas privatizações tucanas, irá sumir no ralo da ineficiência e da corrupção que grassa no país, em particular no Poder Executivo.
Bastou a divulgação da intenção do governo para que a Infraero acusasse um prejuízo bilionário caso o processo de privatizações de aeroportos seja concluído. No mesmo compasso a Aneel informa que o processo de privatização da Eletrobrás vai onerar ainda mais as nossas contas de energia.
Entre os objetivos do processo de privatização, não está certamente o de sanear dividas de um Estado mal administrado, repleto de corrupção e desvios de finalidades. Além de fadado ao erro, país perderá e muito com essa insanidade deste governo medíocre e sem credibilidade.
Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger e Gestor Público.