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28 de outubro de 2017

O lado obscuro do sucesso empresarial no Brasil!

Quanto mais corrupção, mais injustiça.
Quanto mais injustiça, mais impunidade.
Quanto mais impunidade, mais violência.
Quanto mais violência, menos felicidade.

 O Brasil é um dos poucos lugares do mundo, onde até o crescimento e o sucesso de uma empresa ou segmento empresarial precisa ser avaliado com calma e muitas vezes com investigações pontuais.
Em qualquer lugar, do mundo capitalista, empresas compram empresas, se fortalecem, crescem e se transformam algumas vezes em grandes grupos detentores de muito poder e domínio sobre seus concorrentes.
Aqui no Brasil, um açougueiro modesto conseguiu em alguns anos transformar seu pequeno negócio no maior processador de alimentos do mundo. Quando foi investigado, os órgãos do governo perceberam que aquilo não era fruto de sorte, boa gestão, mas sim de crescimento à custa de propinas pagas a políticos corruptos, e empréstimos facilitados junto a diversas instituições financeiras do governo.
No ramo da educação temos outro fenômeno chamado Grupo Kroton – A maior empresa de educação do mundo. Surpreso? Sim, não é da China nem dos EUA, a maior empresa de um segmento onde nós, temos tantas carências e dificuldades.
O grupo é dono entre outras das seguintes instituições de ensino no Brasil:
- Faculdade Anhanguera;
- UNIDERP;
- UNIC – Universidade de Cuiabá;
- UNOPAR – Universidade do Norte do Paraná;
- UNIME – União Metropolitana de Educação e Cultura – Lauro de Freitas – BA;
- FAMA – Faculdade Metropolitana de Anápolis- GO;
- LFG – Rede Luiz Flávio Gomes;
- Grupo Educacional Pitágoras.
Apenas no ano de 2016, o grupo teve uma receita líquida de R$ 5,24 bilhões. Para tanto, no período de 2009 a 2015 efetivou um milhão de matrículas enquanto dados do governo apontavam financiamento para dois milhões e duzentos mil estudantes. Como disse o poeta Renato Russo: “Tem uma festa legal, e a gente quer se divertir, festa estranha, com gente esquisita, eu não to legal, não aguento mais birita”.
Como bem disse Gregório Duvivier na HBO, essa situação nos faz lembrar a de um cassino milionário sem vigia e sem fiscalização das entidades financeiras do país.
Outros fatos chamam a atenção como, por exemplo, aceitarem alunos com notas do ENEM abaixo da média exigida pelo FIES – Fundo de Financiamento Estudantil e PROUNI – Programa Universidade para Todos, para poder matricular mais alunos e engordar ainda mais seus ganhos com a educação.
Não fica impossível imaginar que a Kroton é a instituição de ensino mais beneficiada pelo advento do FIES. No 3º trimestre de 2015, 51% dos seus alunos e 71% da sua receita de graduação presencial era proveniente do FIES.
Ou o caso de uma das empresas do grupo que tem assinado convênios nos quais se compromete a pagar um dízimo a Igrejas que lhe indicarem alunos universitários.
Com isso, o lucro da Kroton impulsionado pelas suas aquisições e pelo seu método de trabalho cresceu 22.130%. Não é erro de digitação, mas sim, vinte e dois mil cento e trinta por cento de crescimento entre 2010 e 2015.
Por trás desses dados, ainda temos a questão dos financiamentos que não vêm sendo cumpridos à risca pelos alunos, e que segundo projeções indicam que em 2024, o impacto desse conjunto de contratos alcançará um rombo de R$ 111 bilhões para o país.
Por onde andam Receita Federal, CADE – Conselho Administrativo de Defesa Econômica e os demais órgãos fiscalizadores do país? A desigualdade social no Brasil passa amplamente pela falta de fiscalização e controle sobre as grandes fortunas, nem sempre conseguidas com esforço, trabalho e seriedade.
Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger e Gestor Público.

Um comentário:

sergio luiz buchmann disse...

Bom dia!Maior processador de alimentos do mundo,que com o dinheiro tomado por empréstimos pagou essa bandidagem desgovernante.O que levou nos últimos 30 anos o trabalhador a ser trabalhador sem salário digno. E quanto ao Grupo Kroton se fez milionária sem pensar nos profissionais que estão formando.2 profissões que sempre tinham meu respeito:PROFESSOR,E MÉDICO,hoje nem tanto.