Quanto mais corrupção, mais injustiça.
Quanto mais injustiça, mais impunidade.
Quanto mais impunidade, mais violência.
Quanto mais violência, menos felicidade.
O Brasil é um dos poucos lugares do
mundo, onde até o crescimento e o sucesso de uma empresa ou segmento
empresarial precisa ser avaliado com calma e muitas vezes com investigações
pontuais.
Em qualquer lugar, do mundo
capitalista, empresas compram empresas, se fortalecem, crescem e se transformam
algumas vezes em grandes grupos detentores de muito poder e domínio sobre seus
concorrentes.
Aqui no Brasil, um açougueiro modesto
conseguiu em alguns anos transformar seu pequeno negócio no maior processador
de alimentos do mundo. Quando foi investigado, os órgãos do governo perceberam
que aquilo não era fruto de sorte, boa gestão, mas sim de crescimento à custa
de propinas pagas a políticos corruptos, e empréstimos facilitados junto a
diversas instituições financeiras do governo.
No ramo da educação temos outro
fenômeno chamado Grupo Kroton – A maior empresa de educação do mundo. Surpreso?
Sim, não é da China nem dos EUA, a maior empresa de um segmento onde nós, temos
tantas carências e dificuldades.
O grupo é dono entre outras das
seguintes instituições de ensino no Brasil:
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Faculdade Anhanguera;
-
UNIDERP;
-
UNIC – Universidade de Cuiabá;
-
UNOPAR – Universidade do Norte do Paraná;
-
UNIME – União Metropolitana de Educação e Cultura – Lauro de Freitas – BA;
-
FAMA – Faculdade Metropolitana de Anápolis- GO;
-
LFG – Rede Luiz Flávio Gomes;
-
Grupo Educacional Pitágoras.
Apenas no ano de 2016, o grupo teve
uma receita líquida de R$ 5,24 bilhões. Para tanto, no período de 2009 a 2015
efetivou um milhão de matrículas enquanto dados do governo apontavam financiamento
para dois milhões e duzentos mil estudantes. Como disse o poeta Renato Russo:
“Tem uma festa legal, e a gente quer se divertir, festa estranha, com gente
esquisita, eu não to legal, não aguento mais birita”.
Como bem disse Gregório Duvivier na
HBO, essa situação nos faz lembrar a de um cassino milionário sem vigia e sem
fiscalização das entidades financeiras do país.
Outros fatos chamam a atenção como,
por exemplo, aceitarem alunos com notas do ENEM abaixo da média exigida pelo
FIES – Fundo de Financiamento Estudantil e PROUNI – Programa Universidade para
Todos, para poder matricular mais alunos e engordar ainda mais seus ganhos com
a educação.
Não fica impossível imaginar que a
Kroton é a instituição de ensino mais beneficiada pelo advento do FIES. No 3º
trimestre de 2015, 51% dos seus alunos e 71% da sua receita de graduação
presencial era proveniente do FIES.
Ou o caso de uma das empresas do grupo
que tem assinado convênios nos quais se compromete a pagar um dízimo a Igrejas
que lhe indicarem alunos universitários.
Com isso, o lucro da Kroton
impulsionado pelas suas aquisições e pelo seu método de trabalho cresceu
22.130%. Não é erro de digitação, mas sim, vinte e dois mil cento e trinta por
cento de crescimento entre 2010 e 2015.
Por trás desses dados, ainda temos a
questão dos financiamentos que não vêm sendo cumpridos à risca pelos alunos, e
que segundo projeções indicam que em 2024, o impacto desse conjunto de
contratos alcançará um rombo de R$ 111 bilhões para o país.
Por onde andam Receita Federal, CADE –
Conselho Administrativo de Defesa Econômica e os demais órgãos fiscalizadores
do país? A desigualdade social no Brasil passa amplamente pela falta de
fiscalização e controle sobre as grandes fortunas, nem sempre conseguidas com
esforço, trabalho e seriedade.
Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger e Gestor Público.
Um comentário:
Bom dia!Maior processador de alimentos do mundo,que com o dinheiro tomado por empréstimos pagou essa bandidagem desgovernante.O que levou nos últimos 30 anos o trabalhador a ser trabalhador sem salário digno. E quanto ao Grupo Kroton se fez milionária sem pensar nos profissionais que estão formando.2 profissões que sempre tinham meu respeito:PROFESSOR,E MÉDICO,hoje nem tanto.
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