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1 de janeiro de 2018

Em 2017 não conseguimos ver, resta esperar 2018!


O ano de 2017 terminou e foi um ano em que os homens que tomaram o poder em Brasília sacramentaram as mesmas políticas públicas rejeitadas reiteradamente pelo povo nas urnas. A sujeira se ampliou de tal forma que ficou insustentável defender a classe política, com raríssimas exceções.
Ao invés das chatas retrospectivas que as emissoras de televisão fazem nesta época, podemos focar algum assunto que foi jogado para debaixo das câmeras e das mesas nas redações da mídia do país. Como acontece todos os anos, assuntos de grande importância não ganham o merecido destaque e acabam morrendo em notinhas de rodapé. Destaco um deles:
Mais um ano se vai sem que José Serra seja investigado, intimado ou chamado para explicar seu suposto envolvimento em fatos que fizeram parte de delações premiadas pelos mesmos dirigentes de empreiteiras, que levaram a prisão membros de outros partidos. Como bem disse o jornalista João Filho em sua matéria no The Intercept_ Brasil, é impressionante a capacidade de José Serra de escapar ileso na grande mídia mesmo tendo seu nome envolvido em grandes escândalos. É o grande Houdini brasileiro! As denúncias contra ele parecem que se apagam na mídia automaticamente em menos de 24 horas depois de publicadas.
Em 2017, José Serra continua sendo um fenômeno, na medida em que seu nome aparece em diversos casos de corrupção, mas não lemos nos grandes jornais do eixo RJ/SP matérias e artigos especulando e vociferando contra ele, nem capas de revistas semanais lhe tratando como um criminoso.
Nunca mais ouvimos menções a respeito da suposta conta na Suíça em que ele teria recebido R$ 23 milhões em propinas da Odebrecht. Depois de lançadas na mídia, as denúncias sem serem investigadas somem num buraco negro – um fenômeno que nunca ocorreu com Lula, Geddel e até mesmo Aécio, que até pouco tempo atrás também desfrutava da amnésia midiática.
A maior parte do eleitorado nacional nem se lembra que José Serra contratou uma funcionária fantasma para seu gabinete. Sim, o nome dela é Margrit Dutra Schmidt, uma grande amiga que Serra prefere chamar de Mag. E quem é a Mag? Bom, ela é ex-mulher do ex-lobista Fernando Lemos e irmã de Miriam Dutra – a polêmica ex-amante de FHC. Ela recebia salário sem jamais ter comparecido ao trabalho. Fosse qualquer outro político o protagonista desse escândalo, nós já estaríamos sabendo até a marca da ração preferida do cachorrinho da funcionária fantasma.
Nesse ano, enquanto Michel Temer suava frio e tentava comprar votos de deputados para se livrar das suas denúncias de corrupção, Serra pedia demissão para sair à francesa alegando problemas de saúde. A imprensa respeitou e ficou um bom tempo sem tocar em seu nome. Depois desse período sabático, o tucano reaparece saudável, já articulando uma possível candidatura para o governo de São Paulo. Há até quem fale em seu nome para a disputa do Planalto.
Graças a esse paparico midiático e a total falta de interesse do Ministério Público em São Paulo em investigar a sério o PSDB – Serra chega ao final de 2017, mais antiaderente que panela de teflon. O tucano continua ostentando a mesma imagem dos anos 1990: um cidadão correto, pai de família, trabalhador, filho de feirantes da Moóca. Agora feche os olhos por um momento e tente imaginar como seria o tratamento midiático se o protagonista desses mesmos escândalos atendesse pelo nome de Luis Inácio.
Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger e Gestor Público.

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